sexta-feira, 29 de abril de 2011

O QUE FOI FEITO A ESTE DOCUMENTO ?


NA COPA DOS MAIORES ABSURDOS
Eduardo Alexandre

Fui coordenador do Centro de Documentação Cultural Eloy de Souza da Fundação José Augusto.

Sei que quando um cidadão envia documento a esta Fundação solicitando o tombamento de algum bem material ou imaterial, é obrigação desta Fundação apreciar o pedido. É lei, inclusive federal, alardeada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como prerrogativa do cidadão para garantir para a sociedade a preservação daquilo que julga relevante para a História de um município, estado ou do próprio país.

No dia 28 de maio próximo passado, fui à FJA e entreguei o documento nesta postagem mostrado, ao protocolista, senhor Cícero Duarte Costa, que o carimbou, deu como recebido e o encaminhou à direção da instituição responsável pelos trâmites legais que o documento havia de tomar.

A imprensa do RN tomou conhecimento do fato e o divulgou; a população do Estado também tomou conhecimento da atitude e, durantes dias, foi assunto da cidade, pessoas se solidarizando com o pedido, pessoas distribuindo a mim impropérios de toda ordem.

Onze meses são passados.

Por volta de completar um ano do pedido de tombamento do Estádio João Cláudio Machado e Ginásio Humberto Nesi, também incluso da preocupação preservacionista, ninguém sabe que fim o documento levou ou que encaminhamento teve.

A quem recorrer para fazer valer o poder de cidadão que a Lei me garante, hoje nem sei mais.

Vejo a luta quase solitária do arquiteto Moacyr Gomes da Costa para preservar o patrimônio que riscou, e sinto o peso do dinheiro envolvido na transação que levará a escombros o que durante tanto tempo foi sonho e depois glória de uma cidade.

Enquanto menino, vivi e acompanhei a luta de uma geração de homens íntegros e de bem para fazer realidade aquele que se chamou poema de concreto de Lagoa Nova.

Hoje, vejo com tristeza a sede pelo uso da marreta que colocará abaixo todo aquele sonho feito realidade.

E lembro a saudade que deixaram edificações postas abaixo numa Natal que não pode defender-se de tantos absurdos contra ela cometidos: onde estão a Galeria de Artes da Praça André de Albuquerque? A sede da Sociedade Brasil/Estados Unidos, na avenida Getúlio Vargas? A sede social do ABC FC em Petrópolis?

Onde?

Em fotos cada vez mais raras e amareladas de uma dor que só o descaso com a História poderiam revelar.

E repito a pergunta que toda a cidade já fez: por que derrubar o parque desportivo que temos, se tanta terra há onde um novo pode ser edificado?

Só a sanha da ganância por dinheiro, creio, será capaz de responder.

Mas deixo aos responsáveis pelo cumprimento das leis em meu Estado a pergunta: o que foi feito do documento que pediu o tombamento do Machadão? Quais os pareceres que recebeu das instituições para as quais deveria ter sido encaminhado? Quais?

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