quinta-feira, 21 de abril de 2011

ARMADURA, de Nirton Venâncio


ARMADURA
Nirton Venâncio

Meu corpo é a única armadura que tenho
que é nada ...

E como suicida.
luta contra moinhos
tempestades e solidão
que é tudo ...

Escondo-me nesta armadura de ossos,
carne
vestimentas
e espio a vastidão do mundo
pelos buracos dos olhos,
como quem espia lugares estranhos
infinitos
perigosos ...

Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma
para caminhar num urbano
de sertões indígenas ...

Garantia não tenho
se sou forte e frágil ao mesmo instante
sujeito-me ao abismo
ao chão.
a poeira ...

Se estou marcado.para me tomar saudade
lembrança e fotografias
e minha história não terá mais um cavalo para montar
serei estátua invisível
no espaço ...

Garantia não tenho de nada
nada ...

Não levarei escondido no bolso
nenhuma semente
nenhum suspiro
nenhum gesto ...

Pois tudo é podre
condenável
consumível ...

Só se é garantido o mais difícil:
a miragem da imensidão
o que supõe ao longe
o completo mistério ...

Para se chegar lá não se sabe
com que corpo

não se sabe com que asas.
não se sabe, não se sabe ...

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