Na feira do Alecrim
O marchante grita: “Chã de dentro”
E eu lá por fora...
Na barraca de seu Malaquias
Tinha ratoeira, candeeiro, alpercata, fumo de rolo,
Querosene, peixeira miúda, retalho de fazenda...
Na calçada a lata de mel de engenho, a rapadura,
O alfenim, a cocada, o açúcar mascavo...
Na Avenida Dois
O siri, o caranguejo, a galinha caipira,
O porco, o carneiro capado...
Para a feira do Alecrim eu levava cinco cruzeiros
E comprava Raiva, Sequilhos, confeito barato,
E ainda sobrava troco para uma lata de umbu.
A cesta de palha da minha mãe vinha ‘cheinha’ de tudo:
Carne de sol, farinha, goma, alface, mocotó de boi, tripa...
Na feira todos se encontravam.
Era o professor de matemática, o carteiro,
O vigia do colégio, o colega de sala
E até a Madre Superiora...
Todos com sandália de dedo,
Todos eram iguais na feira do Alecrim...
José Correia Torres Neto
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