sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Beco da Lama

Beco da Lama

Velho “Beco da Lama”, teus poetas,

Embriagam-se no álcool da ilusão;

Nas vielas do grande coração,

Os boêmios são almas inquietas.

Os teus “loucos” se vestem de profetas

E discursam falando para o mundo;

Vez enquanto aparece um moribundo

Tropeçando nos sonhos de outrora

E perdido no ocaso, busca a aurora,

Entre as mesas, pessoas e cadeiras,

Escutando pilhérias, brincadeiras,

De alguém lhe dizendo vá embora.

Muitas “damas” da noite são constantes,

Nos botecos de luz incandescente;

Velhos portos que atraca muita gente

Que nos copos procuram seus amantes.

Nas calçadas discursos confrontantes

De boêmios, poetas e escritores,

Cada qual defendendo com rigores

Posições, pensamentos e “verdades”

Uns humildes, já outros, vaidades,

Defendendo com afinco os seus valores

Um artista que chega embriagado

Pelo álcool, oferta a sua arte,

É uma cena do “Beco” que faz parte

Pelo um mundo que é sempre ofertado.

Uma “dama”, de jeito delicado,

Tendo o nome da flor do mundo antigo,

Cada mesa “ela” encontra um abrigo

Distribuiu entre todos os seus beijos:

São as cenas dos líricos gracejos

Encenadas no “Beco”, sem perigo.

Velho “Beco” que abriga os solitários

A penumbra se mostra companheira,

A cachaça é amiga alvissareira

Que oferta alguns mundos ideários.

Teus boêmios são sempre solidários

Companheiros notívagos dos sonhos;

Tu és um mundo de alegres e tristonhos

Como as cenas de um filme lenitivo;

Tem boêmio que por ti é cativo

Só te vê, com os olhos, bem risonhos.

Velho “Beco” dos corações partidos;

Passarela de amores conquistados;

Lar de sonhos vivendo nos sobrados

E de corpos que são sempre aquecidos.

Tu ofertas mil mundos coloridos

E as trevas no mar da existência;

Tu és pra muitos, luz da consciência,

A vanguarda do povo de Natal...

Um lugar onde a vida é natural

Expressada na luz da irreverência.

Gilmar Leite

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