segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A FÊRA DO CARRASCO

Nuis dias de quarta fêra,

lá no Carrasco, in Natá,

uma fêra maraviosa,

tem de tudo, é colossá.

E in têrmo de presepada,

lhe juro, meu camarada:

Eu nunca ví nada iguá.

No tempo que eu biritava,

lá eu tinha meu ispaço.

Nais barracas, tira gôsto,

e alí, sem imbaraço,

tendo ao lado um sanfonêro,

biritando o dia intêro,

eu era o reis do pedaço.

Chegando á fêra da carne,

Nelinho, um cabra legá,

à carne do tira gôsto,

dava um trato biritá.

Na barraca de Francisca,

a gente seguia à risca,

o meu compadre Norbá.

Tinha Araquen, Timba, Tôco,

Fernando, Doca, Bastinho,

Romão, Bocão, o véio do queijo,

Nino, Bobeira e Bodinho.

Fazia parte da lista,

um que era taxista,

meu amigo Tomazinho.

Dona Helena da barraca,

a cada um biritêro,

atindia a todo mundo,

com caríin o dia intêro.

O ambiente era gostôso,

sempre eu ía cum Teimoso,

mais seu Chimba e o Véio Fulêro.

Quando era no fim da fêra,

alí virava um bordel.

Mas era maraviôso,

eu me sentia no céu.

Já melado aperriando,

e desafôro iscutando,

da véia dona Isabel.

Carlinhos do cachorro quente,

sempre mexendo a panela.

Se a garrafa de cachaça,

tava perto, eu ía nela.

Carlinhos me dava ispôrro,

quando eu pidia um cachôrro,

um pinico e uma vela.

Taí, Nelinho, o poema,

prá minha gente querida.

Para todos uis fêrante,

prá fêra nunca isquecida.

Digo nais ponta duis casco,

que tu, Fêra do Carrasco,

faiz parte da minha vida...

Bob Motta

NATAL-RN

28.Set.2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário