sexta-feira, 25 de março de 2011

Velha de Guerra


RIBEIRA VELHA DE GUERRA
Deífilo Gurgel
A Gutenberg Costa

Na Campina da Ribeira,
...o poeta Itajubá
- sentimental, mas, viril,
empina nos céus de agosto
(o suor escorre do rosto),
um tremendo papagaio,
o maior que já se viu.

Mestre Cascudo passeia
na antiga Rua das Virgens.
Na casa número tal
nasceu um super-herói.
(O super-herói é ele,
vencedor de tanta guerra,
tanta luta cultural).

Hidroplanos alçam vôo
na barra do Potengi.
São aves da Latecoére,
enfrentando as intempéries,
pelas mãos de Exupéry.

Em frente ao Cova da Onça
Perrepistas, Liberais
trocam mais que insultos, tiros.
Morre o povo, corre o povo,
que todos somos mortais.

Tabuleiro da Baiana.
Fumaça serve cartolas
- banana, queijo e canela
p­ara a fome dos bacanas.

Ali perto o Potengi
delira em festas, é tarde
de regatas, o sol arde
e arde o povo, em frenesi.

Raimundo Cego apregoa
a sorte da Loteria:
"Leve a do burro, seu Zé!"
grita Raimundo, que é cego,
mas, no escuro da cegueira,
é o grande rei da ironia.

Ribeira Velha de guerra,
às tuas noites de paz
retomam velhas figuras
que os anos não trazem mais.

Dirigido por Cancão,
meia-noite pára um carro,
em frente à Pernambucana
do livreiro Luís Romão.
Vêm nele: Roberto Freire,
Luís de Barros e o tão
falado Luís Tavares,
pela força de Sansão;

Vêm Cascudo e Zé Areia,
Zé Alexandre Garcia,
Newton Navarro e Albimar,
com um "vade-mecum" na mão
e entre risos e abraços
e muitas louras geladas,
vai começar a função.

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