TEATRO MARGINAL
Palumbo, 11
Filipe mamede
Repórter
Nos anos 70, a poesia marginal e alternativa se fez presente através do surgimento de coletivos como o Grupo Cabra e ainda com a oficina de criação Aluá Edições Alternativas, dos quais fez parte o poeta Aluízio Matias. A década do milagre econômico brasileiro foi período importante para a cultura e os artistas alternativos potiguares, anos necessários para extravasar o lado criativo de vários grupos. O Grupo Cabra era um grupo multicultural composto por poetas, músicos, artistas plásticos, atores, jornalistas e que tinha muitos contatos com a região Nordeste do Brasil, principalmente Paraíba e Bahia.
“Nesse tempo surge também o Grupo Aluá que não era só um bando de artistas jovens e rebeldes. Tínhamos uma proposta de fazer uma verdadeira revolução estética e política nas Artes, e o meio da rua era nosso palco”, explica Aluízio.
Com a produção intensa surgiram contatos com o Grupo Jaguaribe Carne (Pedro Osmar, Chico César e Paulo Ró) e as inúmeras edições do Dia Nacional da Poesia, todo 14 de Março, bem como os Festivais de Artes e centenas de publicações de livros da Aluá.
“Nós da Aluá tínhamos a influência política de Che Guevara e a vanguarda poética dos Novos Baianos. Essa época foi um período ainda turbulento da repressão política e grande parte dos integrantes eram metidos com o Movimento Estudantil, criação de Partidos de Esquerda e partícipes de vários movimentos de vanguarda, a exemplo do Poema Processo”, cita o poeta, que relembra ainda um caso ocorrido no Dia da Poesia, em meados de 82.
“Existiu na época da campanha política de Aluízio Alves e José Agripino o roubo dos '94 Milhões da Emergência' (um acusava o outro de ter roubado o dinheiro). Foram feitas passeatas do 'Pega Ladrão' e nós criamos no Dia da Poesia a passeata do ‘Pega Poeta’. A Aluá tambérn resolveu lançar, à noite, no Teatrinho Sandoval Wanderley, a Antologia de Poesias "94 Poemas de Emergência”. “No processo de rodar o livro, o mimeógrafo quebrou e não conseguimos completar toda a edição do material. E agora? O que dizer ao público presente no Teatrinho?
Foi aí que Ciro Pedroza inventou que os originais da Antologia tinham sido roubados. Explicamos isso no palco e para nossa surpresa no outro dia o caderno de cultura do jornal A República exibiu a seguinte manchete: “Roubo de originais tumultua o Dia de Poesia”, relatando em uma matéria super séria o que tinha acontecido com o episódio dos 94 Poemas de Emergência”, conta Aluízio aos risos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário