quinta-feira, 17 de março de 2011

FESTIVAL, O INÍCIO DO MOVIMENTO


FESTIVAL, O INÍCIO DO MOVIMENTO
Revista Palumbo, 11
Filipe Mamede

No final da década de 70 o Festival do Forte foi o princípio de toda tessitura contracultural . da cidade. Sempre na lua cheia, no mês de de­zembro, o Forte recebia artistas das várias regi­ões do Brasil. Idealizadores tinham aos mon­tes: Luiz Lima (Lola), Mirabô, Carlos Gurgel, Sandoval Fagundes e Venâncio Pinheiro faziam a linha de frente. Desenvolvido graficamente e impresso em serigrafia por Sandoval Fagundes (a partir do desenho que Luiz Lima havia feito), o panfleto do primeiro festival tinha o número 1978, o mar, um barco à vela e a pomba branca da paz, numa clara referência a Woodstock.

Entre os muros, guaritas e calabouços da Fortaleza dos Reis Magos, o Festival começou a todo vapor naquele 30 de dezembro de 1978. Construído à base de óleo de baleia, bronze e pedras de granito vindos dO além-mar, naquela noite de lua cheia as muralhas centenárias do Forte deixaram de ser mais um ponto turístico e comungaram de outro propósito: celebrar as artes e servir como ponto de convergência daqueles que não eram ‘caretas’.

O músico Luiz Lima, hoje residente na Itália, relembra miscelânea de participantes do evento. Vinham em caravanas de outros estados, como Paraíba Pernambuco e Bahia. Segundo o músico, a patuléia era “fundamentalmente composta de estudantes malucos e caretas da classe média de Natal e um percentual de ‘ripongas’, que eram uma espécie de versão brasileira dos hippies americanos dos anos 60; tipos de estrada; vivendo de artesanato e tal”.

No ano seguinte, o Festival migrou para o Centro de Turismo. Em 1980 não houve o evento. O retorno a plenos pulmões veio no ano seguinte, já com versão de três dias e reunindo novamente todas as artes. As ações foram ampliadas e levadas agora às salas internas da Fortaleza dos Reis Magos. Daquela ocasião, Eduardo Alexandre conta que “foi um sufoco conseguir colocar os quadros naquelas paredes de pedra”.

Em 1982, vendo que o Forte já estava ficando pequeno para o público, Eduardo conta que sugeriu a realização de parte dos espetáculos em um circo montado diante do Forte, mas lembra que a Fundação José Augusto deu parecer contrário, "alegando que o solo arenoso e o vento não deixariam a lona em pé”.

Os Festivais continuaram na Fortaleza até ser levado ao Bosque dos Namorados e depois à Cidade da Criança, onde foi realizada sua última versão.

Pelos palcos dos Festivais do Forte passaram atrações de peso. “Me lembro das participações geniais de Chacal Cep 20.000, José Roberto Aguillar, Jard's Macalé, Chico César, Short, poeta tropicalista baiano, Zelito, Geraldo Califórnía, Edilson Dias, ator da Paraíba, Jaguaribe Carne, da Paraíba, porra tem muito mais gente. O Festival foi o momento onde se celebrou contraculturalmente todos esses anos 70 e 80 na cidade”, atesta Gurgel.

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