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Evangelhos não contados
PAISAGENS DE GURGEL
Palumbo 11
Filipe Mamede
Repórter
"Ninguém para escrever os evangelhos que estão faltando". CG
Se fossem materializadas, as lembranças do artista plástico Carlos Gurgel formariam um verdadeiro caleidoscópio humano. Pessoas, fases e manifestações. Seus pensamentos se concatenam num poema concreto saudoso, sem rima e sem métrica.
"Aqui em Natal, me lembro da Alcatéia Maldita, Cabeças Errantes, com Wlamir Cruz e Pedro Pereira, João da Rua, Novenil, a genial câmera de super 8 do amigo e inesquecível Chico Miséria, que registrava toda a cena cultural da cidade, como artes plásticas, lançamentos de livros e shows. Ele (Chico) foi figura importantíssima, que trazia para Natal shows de Jorge Mautner, Rita Lee, Fagner, Robertinho de Recife, Gilberto Gil, Morais Moreira”, cita.
Carlos Gurgel persegue as milhares de fitas gravadas por Chico Miséria e que não se sabe onde estão. “Essas filmagens que ele fez representam a memória cultural dos anos 70 na cidade”, atesta.
Ao lado de Chico Miséria, Gurgel rende homenagens a muitos outros. “Jota Medeiros, Dácio Galvão, Socorro Trindad, Lucinha Madana Mohana, o teatro de Carlos Furtado, a galeria Vila Flor, de Augusto Severo Netto e Lúcia; o Chernobyl, na Ponta do Morcêgo; o Bar do Buraco, na Vila de Ponta Negra, como também a Bodega da Praça; a pessoa e a poesia de Miguel Cirillo, papai Deífilo 'poesia' Gurgel; os dois olhos incendiários de Walflan de Queiroz, que diariamente circulava pela livraria da Av. Rio Branco; A Palhoça, vizinho ao Cinema Rio Grande, onde aos domingos assistíamos as sessões dominicais de cinema de arte; o genial e imbatível Câmara Cascudo, que privei da sua amizade por uns 15 anos; Newton Navarro, Luis Carlos Guimarães, Walter Von Berbe, o George Harisson natalense, Celso da Silveira, Eli Celso; a Barreira dos Baratos, em Pirangi; Praia dos Artistas, onde fundamos uma tribo colorida e cheia de spray; Violeta Porra, lady singer varrida e eterna; o Boy da Praia, com seus malamaleques ensaios litorâneos e cinematográficos, na casa de Fon, na praia dos Artistas, onde semanalmente atualizávamos conhecimentos e experimentações contraculturais; a casa de Clotilde Tavares, reduto de festas e laços poéticos; a Sociedade Cultural Brasil Estados Unidos, onde conheci os Vândalos: Fon Lima, Lola, Eustachio Lima; o Bar do Gato, em Mãe Luiza; o Apocalipopótese, de Jota Medeiros; e tantos outros canais e vias”, computa Gurgel.
E sentencia:
"Infelizmente, não há ninguém para escrever os evangelhos que estão faltando...”
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