terça-feira, 20 de outubro de 2009

Isaduda: uma tristeza que toma conta

Eduardo Alexandre

"Foi verdade: a @isaduda suicidou-se hoje... LUTO... uma tristeza que toma conta..." Sâmara Tessa

Por volta das 20 horas, toca a campainha e vem a notícia: Isaduda jogou-se do décimo-segundo andar do prédio onde morava com a família.
Nunca a vi, mas tinha com ela uma relação quase diária por telefone:
- Arthur está?
Era uma vozinha acanhada, sofrida, como quem chora. Parecia uma súplica.
Muitas vezes, contrariando minha vontade, acordei Arthur pela manhã, mesmo sabendo que ele passara a noite acordado, no computador, baixando arquivos, vendo filmes, resolvendo problemas de informática e Internet para amigos ou clientes.
Os telefonemas de Isaduda, em qualquer hora do dia ou da noite, já chegavam em casa há mais de cinco anos.
Logo no começo dessa amizade, veio um telefonema de sua mãe, desesperada, a procura de Arthur. Depressiva ao extremo, Isa ameaçava se matar, pulando pela janela. Queria que ele fosse a sua casa, conversar com ela.
Era uma depressão crônica, diária, impregnada na alma daquela menina.
Nunca entrei em detalhes sobre as causas de tanta dor, mas, pelas primeiras conversas, me parecera consequência de perda amorosa. Por morte.
Hoje, depois de ver a movimentação cochichada lá embaixo, no portão, ver os portadores da notícia se afastarem, seguirem destino e Arthur retornar para dentro de casa, desci e perguntei o que estava acontecendo.
Isabele resolvera dar fim àquela dor.
- Puta merda! exclamei, me sentindo derrotado e imaginando como seus pais, amigos e amigas estariam mais ainda se sentindo.
Isaduda era cercada de muito carinho, de muita atenção por parte de todos que perderam essa parada.
Às vezes, eu procurava avaliar a agonia, o desespero de seus pais, amigos e amigas diante da iminência do que um dia viria a acontecer.
A angústia, a dor profunda da alma, fizera de Isaduda suicida potencial.
Hoje, ela pôs fim a sua dor.
Maior ficou a dor dos que não puderam salvá-la.


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