Plínio Sanderson
A nova indústria de eventos, pós-autos, Cinemas, Feiras/Bienais de Livros, Gastronômicos, os Festivais Literários que se instaura: Flip, Paraty/RJ; Fliporto, P. de Galinhas/PE; de Passo Fundo/RS e nesse caso Flipipa/RN, desemboca na Teoria dos Ídolos de Francis Bacon. Os “ídolos da tribo”, que generalizam com bases em casos favoráveis (vide-bula). Ou os “ídolos do teatro”, na invenção de factóides, com a conivência de autoridades que se rendem ao tráfego de influências e/ou as famigeradas leis de incentivo.
Transformar Pipa em contexto de evento cultural para sair do trinômio sol, praia e desbunde (cosmopolita) forjado no viés de aproximação da população local com os intelectuais e escritores de projeção local e (inter) nacional, incentivando a formação de novos leitores (sic!). É argumento insustentável, ledo engano – Zeus se travestiu de cisne para afogar o ganso com a linda Leda.
Chega de tietismo, celebrar celebridades. Antes, a obra que o escritor produz, do que o escritor que a mídia enaltece. Na Flip/2010, Crumb disse: “Não sei o que estou fazendo aqui. O que interessa é meu trabalho”. Ou, como afirmou no Flipipa/2010 João Ubaldo: “Não entendo nada de literatura e não gosto de falar de literatura”.
Mesmice deslavada. Denotar figuras abastadas da literatura não legitima a aura de encontro literário. A repetição de personas e temáticas é lugar comum. Quatorze a zero: concordo com o Fábio (revista 14) que ousou dizer “repetitivo e chato”. E ainda: “obsessão por um passado que já aconteceu”; e mais: “viver imerso em ilusões nostálgicas”.
Estou farto, cansado da estética do cangaço. Gosto do Mia Couto, principalmente de sua criação lexical acronímica, junção de dois vocábulos existentes para a formação de uma nova palavra - apesar de termos cá, o original nonada Guimarães Rosa. Não preciso ouvir dele que há várias Áfricas e vários Brasis, e uma “África brasileira”. Curto o Noll, mas não sou noiado. Pra dormir, conto Carneiro(s)... Carito, ainda continuo sem saber que danado é mascafon? Uma de Cascudo. Quando não se sabia de alguma coisa, parodiando o Mário de Andrade, aconselhava o provinciano incurável: vá procurar o prof. Panqueca!
De leve que é na contramão. Não sejamos apenas cenário, nem só figurantes! Exercitar o "Genius Loci/Espírito do Lugar" e quem nele habita. Não queremos público pudico; necessitamos construir um público que não se resigne na coadjuvância lhes atribuída historicamente - que acha lindo o que não é espelho.
Eis que mesmo na surdina aviltante da imprensa, eclodiu o FlipAut, Out (FORA). Nem contra, nem a favor, mas, avesso ao reverso. Uma aventura prometéica, que rouba o fogo que cega/encandeia na fogueira das veleidades do Olimpo, para distribuí-lo aos singelos mortais. Coletivamente, colaborativamente... Compartilhadamente... Inclusivamente... Conclamando todos ao protagonismo, a fazer (p)Arte da História!
Chega de tietismo, celebrar celebridades. Antes, a obra que o escritor produz, do que o escritor que a mídia enaltece. Na Flip/2010, Crumb disse: “Não sei o que estou fazendo aqui. O que interessa é meu trabalho”. Ou, como afirmou no Flipipa/2010 João Ubaldo: “Não entendo nada de literatura e não gosto de falar de literatura”.
Mesmice deslavada. Denotar figuras abastadas da literatura não legitima a aura de encontro literário. A repetição de personas e temáticas é lugar comum. Quatorze a zero: concordo com o Fábio (revista 14) que ousou dizer “repetitivo e chato”. E ainda: “obsessão por um passado que já aconteceu”; e mais: “viver imerso em ilusões nostálgicas”.
Estou farto, cansado da estética do cangaço. Gosto do Mia Couto, principalmente de sua criação lexical acronímica, junção de dois vocábulos existentes para a formação de uma nova palavra - apesar de termos cá, o original nonada Guimarães Rosa. Não preciso ouvir dele que há várias Áfricas e vários Brasis, e uma “África brasileira”. Curto o Noll, mas não sou noiado. Pra dormir, conto Carneiro(s)... Carito, ainda continuo sem saber que danado é mascafon? Uma de Cascudo. Quando não se sabia de alguma coisa, parodiando o Mário de Andrade, aconselhava o provinciano incurável: vá procurar o prof. Panqueca!
De leve que é na contramão. Não sejamos apenas cenário, nem só figurantes! Exercitar o "Genius Loci/Espírito do Lugar" e quem nele habita. Não queremos público pudico; necessitamos construir um público que não se resigne na coadjuvância lhes atribuída historicamente - que acha lindo o que não é espelho.
Eis que mesmo na surdina aviltante da imprensa, eclodiu o FlipAut, Out (FORA). Nem contra, nem a favor, mas, avesso ao reverso. Uma aventura prometéica, que rouba o fogo que cega/encandeia na fogueira das veleidades do Olimpo, para distribuí-lo aos singelos mortais. Coletivamente, colaborativamente... Compartilhadamente... Inclusivamente... Conclamando todos ao protagonismo, a fazer (p)Arte da História!
FlipAut! 2010, Festival Literário Alternativo da Pipa foi circuito paralelo de interações, descentralizando acontecências sem conflitos com ninguém, corroborando para popularizar a literatura e a arte em todas as nuances. Vislumbrou permear barreiras sociais e espaciais, exercitando práticas lúcidas e lúdicas na praia, no book shop, na escola, na esquina da rua, no boteco... Sem fins lucrativos, nenhum dos escritores, jornalistas, poetas, produtores, colaboradores, oficineiros, etc. ganharam uma pataca sequer pelo esforço, além do prazer de propiciar/vivenciar junto à grande e heterogênea comunidade local/global uma instigante experiência onírica de pertencimento cultural.
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