Termo lapidado por Othoniel Menezes, poeta nativista de “Sertão de Espinho e Flor”, para designar a praieira dos nossos amores. Cidade erigida por decreto. Nunca foi vila ou freguesia. Recebeu os agnomes: Cidade dos Reis, Cidade de Santiago, Natalópolis, Nova Amsterdã, Jerimulândia, Londres Nordestina, Natalvesmaia. Sua fundação é impregnada na nebulosa da polêmica. Quem seria seu signatário: Jerônimo de Albuquerque, João Rodrigues Colaço ou Mascarenhas Homem?
Impressões e controvérsias. Frei Luís Santa Tereza, “Da Cidade de Natal, não há tal” (1746). No quengo de Manuel Dantas, “Natal já é hoje antiga e será eterna como o mundo, porque nasceu envolta na lenda”. Cascudo revela: “A cidade do Natal, fundada no séc. XVI, nasceu no séc. XX. Os intermediários de história guerreira, política ou dorminhoca. Faz de conta que não existiram”.
Na contemporaneidade, a cidade quanto mais imbuída na mundialidade, mais apartada da sua história. Pela mediação do cotidiano no lugar, somos levados dos fatos particulares à sociedade global.
O turismo é a parcela essencial do espaço que se transforma em mercadoria. A entrada da cidade no mercado das paisagens acarreta transformações sócio-espaciais impulsionadas pelo desenvolvimento desse vetor econômico. A produção de lugares de consumo e o consumo dos lugares redesenham a urbe, impondo-lhe formas, funções e imagens completamente novas.
No contexto dos anos 90, temos imbricado: os resquícios da urbanização industrial periférica (abortada) e uma emergente forma de urbanização – a turística. Essa redefinição se expressa no novo imaginário da região, em que o Nordeste litorâneo subjuga o Nordeste do atraso profundo das secas. A cidade coloca-se no mundo para ser o nosso lugar. Território encantado, repleto de significações. Cabe ao citadino ler o texto social impresso nas paisagens, decifrar suas aderências, seus entraves e (transpondo as aparências) suas alienações.
No livro “Massacre da Natureza” de Júlio Chiavenato (Moderna, 2005): “Grandes cidades, e até capitais, como Natal, no Rio Grande do Norte, não possuem redes de esgoto: usam-se fossas”. Não sabe o autor que dois terços do reduzido percentual de saneamento (em torno de 31%) é despejada ‘in natura’ no leito do rio arrimo. Na Paraíba, a simples execução do bolero de Ravel no ocaso ribeirinho demarcou um evento turístico. Nós demos as costas ao Rio Grande – “sem ter quem lhe conceda a extrema-unção de um beijo”. Oswaldo Lamartine segredou para Diógenes da Cunha: Natal não existe! O que chamamos de Natal é apenas o assoreamento da beleza do Potengi.
Os raros espaços de lazer são equivocados ou expropriados... A ciclovia da Via Costeira encontra-se em estado deplorável, os hotéis utilizam como canteiro de obra, os malfazejos buracos e cimentos petrificados tornam o passeio perigoso, impraticável. Nas reurbanizações praianas (Ponta Negra, Artistas/Forte, Avenida Roberto Freire) os calçadões foram construídos com pedras portuguesas, que por ser um piso irregular não favorece as atividades esportivas. Obra pensada esteticamente, sem considerar a real utilização do aparelho urbano pela população. Mentalidade barroco-tropical nas intervenções urbanísticas.
A pólis é arquitetada priorizando o tráfego automobilístico. Nos três viadutos construídos no governo passado, a ausência de passarelas revela a insignificância dos pedestres. A cidadania é ratificada pela propriedade de um bólido: quem não possui um carro na pós-modernidade é um pária. Embaixo do viaduto do Baldo converge um frenético movimento de transeuntes, que arriscam a vida na travessia diariamente improvisada. Há décadas que a população clama (em vão) por uma simples e providencial passarela.
No Tirol, tem uma lagoa escura, um recanto verde no meio da selva de prédios. Vizinha ao rio Tiuru (rio da água de beber), foi horto, aviário na segunda guerra, ponto chique nos anos 60 e oásis para travessuras adolescentes. Hoje, a Lagoa Manuel Felipe encontra-se poluída, escondida e acabrunhada. Premente resgatar a cavilosa Lagoa. Para mostrá-la, exibi-la, devolvê-la aos natalenses, basta derrubar o muro da Prudente de Morais.
Urge inserir a Lagoa na paisagem da cidade!
A ponte forte-redinha é exemplo hilário, se não trágico; uma obra na hora certa, mas no lugar errado. A prioridade não foi resolver o constrangimento da população (“do outro lado do rio”, além da “ponte da exclusão”, discriminados pelo preconceito e segregados na generalização de a “Zona Norte”) dos humilhantes congestionamentos diários, mas uma obra para perpetuar no horizonte um ícone administrativo – nas entranhas salobras da boca da barra, corcova de concreto encravada. A organização do espaço urbano prepara a geografia da cidade de forma a viabilizar os interesses político/privado. Pragmatizando uma neo-euro-colonização que retalha o litoral numa desenfreada especulação imobiliária, estigmatizando as populações locais.
Escabrosa é a pendenga da pretensa área de lazer de Mãe Luiza, os hoteleiros não querem permitir que a comunidade tenha usufruto e mesmo livre acesso à praia. Recentemente, almejaram até expropriar toda a área da Via Costeira ou legalizar a privatização da praia – que, na prática, já existe. Típico apartrade turístico, perverso e alienante.
Na Natal balneária, somos vítimas da exacerbação do modelo de urbanização litorâneo brasileiro. A contradição entre o processo de produção social do espaço e sua apropriação privada diferencia os modos de consumo do lugar. Os lugares da cidade se delimitam, se fecham e se tornam exclusivos. O lugar não existe plenamente para todos. Outrora, Othoniel vaticinou à “Jerimulândia” o carma do “pecado original de haver nascido na Esquina”.
Verossímil ao tempo, a terra não pára. A proximidade com o solstício de verão austral, traz a estação do desejo aos trópicos dos pecados tórridos. Um fim de ano marcado por dois eventos emblemáticos, mas díspares: a I Mostra de Cultura Popular, promovida esplendidamente pela Secretaria Estadual de Educação, e, no extremo antagônico, o Carnatal, produzido pela Destaque.
A Mostra revelou o elefante e suas entranhas mais sagradas: o sincretismo cultural. A idéia da profª. Isaura Rosado de pragmatizar a educação via cultura é antídoto infalível contra a homogeneização global da aldeia. A invenção e a auto-estima popular se reencontram em suas vestes mais íntimas: Bois Calembas, Fandangos, Pastorinhas, Caboclinhos, Cheganças, Lapinhas, Congos (de Saiotes ou Calçolas), Ararunas, Maneiros-paus, etc. Tatuando nos corpos (docentes e discentes) práticas quase extintas ou semi-desaparecidas do imaginário coletivo. Cascudo redimido acenderá charutos, regozijando-se ao deleite das peripécias da massa em evoluções.
O Carnatal, maior evento do estado, encontrou porto seguro na nossa cidade, sempre travestida de modernidade, seduzida pelo “outro”, fadada à aculturação. A Baianidade, azeitada pelo caldeamento de todos os santos e raças, lança ritmos e concomitantemente consolida mercado, numa estratégia perfeita - sem crise, nem baixa estação.
Os defensores proferem argumentos hiperbólicos (“é o maior fora de época do...”) ou naturalizam (“é gerador de renda e emprego”).
De um lado, o Carnatal, do outro, a fome geral catando latinhas.
Papangus modernosos, fantasiados de abadébeis e a corriola, pipocando além das fronteiras marginalizantes das cordas. Aqui, essa indústria transforma e transtorna a cidade, que passa por toda uma reengenharia do trânsito, da iluminação, na segurança/policiamento e na saúde, os serviços públicos tornam-se otimizados, com aparatos eficientes, enquanto que, no cotidiano real...
Car(na)téis. Na horda da política (estadual e municipal) orbitam vereadores, deputados, secretários interagindo numa clara intervenção estatal no processo de acumulaçãode riqueza, introduzindo novos elementos para dinamizar a economia, sob a égide do turismo e do folclore artificial. A configuração do poder local, em comunhão com os principais grupos econômicos, sincronizam interesses ávidos, que convergem para a sustentação da animosidade carnabestial.
O escritor Giba Felisberto Vasconcelos, brincava no Bar Mintchura em meados dos 80, apelando para Maiakovski, "se existe um homem feliz, é lá no Brasil, afirmava convicto, e só pode ser o Cascudo". Giba, colunista da revista “Caros Amigos”, cita e recita o “Príncipe do Tirol” em todos os seus artigos. Recentemente, chama o Luís da Câmara de “o filósofo do povo brasileiro”. E critica a “professorança universitária”, que prefere erigir pensadores estrangeiros como Lacan, Fucô, Weber, e não leva a sério o santo (de casa) fazedor de milagres. “O pior de tudo que nem mesmo em Natal, aonde o mestre veio ao mundo, ele não é assimilado na Universidade e em outras instituições, ou seja, a sua obra ainda não se converteu em força material. Para desgraça e infortúnio do povo potiguar”.
O advento da Mostra Popular deve simbolizar a pedra fundamental no resgate de nossa memória. Quem sabe, inaugurar uma cruzada pela inserção da disciplina “Literatura Norte-riograndense” na grade curricular – em estados vizinhos, já se cobra em concursos o conhecimento em suas literaturas peculiares. Não é apenas reserva de mercado, mas uma forma eficaz de cultuar personagens, imortalizando-os através de suas obras. Uma leitura ou grafia, atribuindo sentido aos espaços imagéticos do RN, revisitando desde a concretude processual (o “suspenso” de Jorge Fernandes; os visuais e semióticos de Falves; A. de Araújo, Jota Medeiros), até a identidade com o chão profundo no nativismo de Itajubá, Auta, Manuel Dantas, Palmyra, Otoniel...
Vivalha a lamaravilha. A SAMBA (Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências), em movimento de resistência ao estorvo micareta, realiza o II Carnabeco, homenageando foliões etéreos e eternos: Maestro Mainha, Lelo Melodia, Blackout, Boscopeta.
Axé ou oxente? Um paralelo de parabélum na língua - mais forte são os saberes do povo!
A nova indústria de eventos, pós-autos, Cinemas, Feiras/Bienais de Livros, Gastronômicos, os Festivais Literários que se instaura: Flip, Paraty/RJ; Fliporto, P. de Galinhas/PE; de Passo Fundo/RS e nesse caso Flipipa/RN, desemboca na Teoria dos Ídolos de Francis Bacon. Os “ídolos da tribo”, que generalizam com bases em casos favoráveis (vide-bula). Ou os “ídolos do teatro”, na invenção de factóides, com a conivência de autoridades que se rendem ao tráfego de influências e/ou as famigeradas leis de incentivo.
Transformar Pipa em contexto de evento cultural para sair do trinômio sol, praia e desbunde (cosmopolita) forjado no viés de aproximação da população local com os intelectuais e escritores de projeção local e (inter) nacional, incentivando a formação de novos leitores (sic!). É argumento insustentável, ledo engano – Zeus se travestiu de cisne para afogar o ganso com a linda Leda.
Chega de tietismo, celebrar celebridades. Antes, a obra que o escritor produz, do que o escritor que a mídia enaltece. Na Flip/2010, Crumb disse: “Não sei o que estou fazendo aqui. O que interessa é meu trabalho”. Ou, como afirmou no Flipipa/2010 João Ubaldo: “Não entendo nada de literatura e não gosto de falar de literatura”.
Mesmice deslavada. Denotar figuras abastadas da literatura não legitima a aura de encontro literário. A repetição de personas e temáticas é lugar comum. Quatorze a zero: concordo com o Fábio (revista 14) que ousou dizer “repetitivo e chato”. E ainda: “obsessão por um passado que já aconteceu”; e mais: “viver imerso em ilusões nostálgicas”.
Estou farto, cansado da estética do cangaço. Gosto do Mia Couto, principalmente de sua criação lexical acronímica, junção de dois vocábulos existentes para a formação de uma nova palavra - apesar de termos cá, o original nonada Guimarães Rosa. Não preciso ouvir dele que há várias Áfricas e vários Brasis, e uma “África brasileira”. Curto o Noll, mas não sou noiado. Pra dormir, conto Carneiro(s)... Carito, ainda continuo sem saber que danado é mascafon? Uma de Cascudo. Quando não se sabia de alguma coisa, parodiando o Mário de Andrade, aconselhava o provinciano incurável: vá procurar o prof. Panqueca!
De leve que é na contramão. Não sejamos apenas cenário, nem só figurantes! Exercitar o "Genius Loci/Espírito do Lugar" e quem nele habita. Não queremos público pudico; necessitamos construir um público que não se resigne na coadjuvância lhes atribuída historicamente - que acha lindo o que não é espelho.
Eis que mesmo na surdina aviltante da imprensa, eclodiu o FlipAut, Out (FORA). Nem contra, nem a favor, mas, avesso ao reverso. Uma aventura prometéica, que rouba o fogo que cega/encandeia na fogueira das veleidades do Olimpo, para distribuí-lo aos singelos mortais. Coletivamente, colaborativamente... Compartilhadamente... Inclusivamente... Conclamando todos ao protagonismo, a fazer (p)Arte da História!
FlipAut! 2010, Festival Literário Alternativo da Pipa foi circuito paralelo de interações, descentralizando acontecências sem conflitos com ninguém, corroborando para popularizar a literatura e a arte em todas as nuances. Vislumbrou permear barreiras sociais e espaciais, exercitando práticas lúcidas e lúdicas na praia, no book shop, na escola, na esquina da rua, no boteco... Sem fins lucrativos, nenhum dos escritores, jornalistas, poetas, produtores, colaboradores, oficineiros, etc. ganharam uma pataca sequer pelo esforço, além do prazer de propiciar/vivenciar junto à grande e heterogênea comunidade local/global uma instigante experiência onírica de pertencimento cultural.
A chuva que acordou o dia transportou-me para tempos distantes, anos 60, no Tirol da minha infância.
O cheiro da mata chegando, o pé do morro lavado de suas guabirobas suculentas e deliciosas; o medo da cobra-de-veado, a suaçubóia que, se não era venenosa como as corais perigosas que habitavam debaixo das folhas caídas dos cajueiros, “matava de arrocho, enrolando-se nas pessoas até sufocá-las”.
Quanto medo das cobras gigantes dos morros do Tirol!
O desejo de degustar a guabiroba do “Pé-do-morro”, porém, era maior.
Maior que o medo da suaçubóia — termo aprendido depois, nas salas de aula do Marista; maior que os sustos causados pela mimética cobra-cipó; maior que medo da “aleijante cipoada do rabo do camaleão”.
Meninos, juntávamos nossos cachorros e, enganando o balaço dos fuzis que vinha do Dezesseis Erre-i treinando pontaria, aventurávamo-nos pelas trilhas que nos levariam para Barreira d’Água com seu encantador solo esculpido pela natureza das chuvas, os nossos cânions, depois levados pela ganância da construção civil. Solo a guardar água limpa e “saborosa”, bebida com a ajuda das mãos na sofreguidão do cansaço de subidas e descidas de dunas escaldantes.
O riozinho a formar-se ao pé das barreiras e a “encher” o mar Atlântico com suas poucas águas era uma fantasia real. “Um quê a mais” no meio daquela selva.
Os cajus do Morro do Careca, por trás do quartel; os sagüis a nos indicar o cambuizeiro doce; os pequenos bem-te-vis dando surras em gaviões em fugas desesperadas; a raposa fugindo ao inaudível som emitido; as brigas de morte das cobras com os teiuaçus, “salvos pelo pé de pinhão”, tudo isso era íntimo da infância do Tirol.
Nas cercanias, as vacas pastavam e as borboletas, amarelo-pálidas como chananas, chegavam também teimosas com o calor das manhãs.
A pista, imensa nesga preta de asfalto deixada pelos americanos quando da guerra, era limite de estripulias infantis. Do lado de lá, a Praça Augusto Leite, pobre, em meio a um barreiro onde os campos de pelada surgiam destocando moitas teimosas a atrair saúvas “que acabariam com a nação se não acabássemos com elas”.
Do lado de cá, o reino de Dudé, filho de Seu Fausto, dono da vacaria — na garupa do jumento aparecido ou no lombo do cavalo do cercado, dava o tom da reação contra a “tropa” que ousava cruzar a pista, vinda da Augusto Leite.
A pelada dizia quem era melhor. Mas os socos e arranca-rabos por vezes aconteciam, decidindo, de vez, todas as pendengas.
Debaixo do juazeiro limpo, sem espinhos, defronte de sua casa, Dudé comandava a “tropa de cá” equilibrando-se pela mão esquerda sob a perna chocha, encolhida pela paralisia infantil, para não despencar. Coisa de “quem havia chupado manga depois do leite” ou “tomado banho depois da feijoada”.
Do morro, descia Carioca, com seu balaio de mangas e cajus, pitombas, homem misterioso, de pouca conversa, senhor de todos os segredos do Morro do Roncador, a confirmar os tremores de terra que, diziam, deles o Brasil estava livre, pois sim! Morro do Roncador! Por que haveria de roncar um morro por trás das poucas casas do Tirol? Acho que nem Carioca sabia, ele “que morava há duzentos anos” num sítio entre os morros que nos levavam à Barreira Roxa, praia de pescarias de bons xaréus, pampos, barbudinhos, fartos antes que o barulho da cidade e sua sujeira os afugentassem para longe.
Dali, vi Natal deixar para trás a corrente. Esta que era limite da cidade e que, depois, trouxe a fábrica da Guararapes de Seu Nevaldo, o homem que iniciara com duas máquinas de costura o seu império e que viera para escrever a história do desenvolvimento da cidade, sucesso hoje desaguado no mesmo local, chamado “Me Dei Mal” pela população jovem que não viveu esses tempos.
Tirol que não assistiu às contendas de Luís Tavares contra os gringos insolentes da guerra, mas que lhe deu guarida nos seus últimos dias de tranqüilidade e bons exemplos. Tirol de Berilo Wanderley e dos bondes que traziam frescas suas crônicas para a Hemetério Fernandes, rua que me trouxe as primeiras luzes pelas mãos de Dona Adelaide, a parteira da cidade.
Tirol do rela-bucho da Lagoa Manoel Felipe; do Aéro do apaixonado getulista Boquinha; do América de Maria Creuza e dos grandes carnavais; Tirol da AABB aberta não só a bancários; Tirol que se deixou seduzir pelo comércio.
Tirol de quantos nomes?
Tirol de tanta gente, de tanta paisagem humana e boa que não cabe enumerar numa crônica amanhecida de uma nuvem que só trouxe borboletas amarelo-pálidas como as teimosas chananas e as guabirobas de saudade, doces como o amarelo dos cambuís de suas dunas hoje encobertas pelo concreto do progresso que as invade, levando ternas virgindades de antigamente.
Jacó Rabe, Rabi, era um judeu alemão do condado de Waldeck, vindo para o Brasil com o conde João Maurício de Nassau em 1637.
Valente e astuto, cruel e sem escrúpulo, saqueador e mandante de assassinatos, é a figura mais sinistra e repelente do domínio holandês no nordeste brasileiro, denegrida e acusada por todos os historiadores de seu tempo. Não há exemplo de uma defesa nem de uma atenuante ao Rabi. Todos são promotores nesse processo de história e o homem é um réu de crimes incontáveis.
O nome seria confuso entre Rave ou Rabe e Rabi. Era o homem inteligente e observador e a etnografia lhe deve páginas preciosas de informação sobre os indígenas de Janduí, no meio dos quais vivia, tendo um prestígio de rei.
O Conselho Político designou Jacó Rabe para ser o guia, o mentor, o representante político junto aos Janduís, cariris que eram aliados aos holandeses. Rave desempenhou-se admiravelmente deste papel. Em vez de elevar os cariris ao seu nível mental, tomou para si a mentalidade do Janduí, matando, assaltando, saqueando, com a naturalidade de um ato fisiológico.
Vivia em companhia de indígenas, tendo vida igual a dos Cariris pagãos. Estes adoravam-no como a um ser superior. Bestial e cupido para todos, Rabi era todo bondade e tolerância para os Janduís. Esses eram todos doidos por ele.
Com seus Janduís, rebentada a revolução de junho de 1645, dirigida por João Fernandes Vieira para expulsar os holandeses, Rabi vôou em defesa dos interesses dos intrusos.
A forma mais fácil que lhe 'passou pela cabeça' foi conter os colonos pelo pavor. Vencer pelo medo. E sacudiu seus indígenas como a uma matilha de lobos sobre a população desarmada e confiante nas leis da Holanda.
Dirigiu pessoalmente o massacre de Cunhaú na manhã de domingo, 16 de julho de 1645.
Comandara o ataque à casa de Lostão Navarro assim como a luta em Uruassú, terminada a 10 de outubro. Não tomou parte no morticínio de Uruassú, 3 de outubro. Cabe a responsabilidade ao diretor Joan van Bulléstraten, vindo do Recife dar a ordem para que matassem os refugiados e prisioneiros.
O comandante do Castelo de Keulen, nome dado ao Forte dos Reis Magos, era o tenente coronel Jorris Gartsmann, casado com brasileira e dono, de parceria com o conselheiro Baltazar Wyntges, do engenho Cunhaú. No massacre, queimaram o engenho e mataram o sogro do coronel, talvez gerente da propriedade. Gartsmann ficara furioso, mastigando planos.
Na noite de 4 de abril de 1647, Gartsmann jantava, com amigos, na casa de Dirck Mulder van Mel, no Potengí (Natal), quando chegou Rabi e conversaram afavelmente.
Depois das onze horas, saíram ambos. Ouviram dois tiros e várias pessoas correram, encontrando o chefe branco dos Janduís já morto, com duas balas no tórax e golpes de espada pelo corpo. E saqueado. Enterraram-no ali mesmo. Deram aos dois escravos, como recompensa do serviço, as calças e as meias de Rabi. Estavam tão velhas que os escravos recusaram.
Está publicado por Alfredo Carvalho o inquérito procedido quando do assassinato de Rabi. Gartsmann nada sofreu, senão transferência.
Os Janduís ficaram furiosos e se afastaram dos holandeses. Resta, aproveitado por Jorge Marcgrave na sua "História Natural", o estudo de Rabi sobre os costumes dos Janduís.
Nada mais.
Natal, 01 de março de 1946.
Livro das Velhas Figuras
Zuza desasna beócios e os lorpas instigantes são castigados por um decurião de maus bofes, caso promovam azáfama e balbúrdia nas salas de aula.
Gothardo Neto, filho do professor, instrui-se no castiço vernáculo, onde a pureza e a forma lingüística são a busca maior da perfeição poética.O soneto em alexandrinos o atrai.As belas morenas o inspiram.Um amor proibido o consome.
Sorumbático, sai à noite, com seu sari indiano, entre as veredas dos aningais que ladeiam o Tissuru, e para além da Cruz da Bica descamba para a Salgadeira, lugar de tugúrios, mansarda, botecos pobres, onde, entre tragos, sacia sua desdita. É também Zé Fidélis, o poeta das sombras.
Viram-no para os lados da nossa última tatajubeira – divisa entre Ribeira e Rocas – de fraque azul desbotado, botas rotas, chapéu fora de moda, chapinhando em poças de lama, uma corda de caranguejos entre os dedos. É Ferreira Itajubá, Azinho.
Vem dos pastoris, das lapinhas, dos fandangos.E seu violão é coberto com folhas-de-fladres.Feito de luz, o poeta é a festa maior da cidade. São suas as alvadias dunas.São seus os cajueiros e javaris solitários.
Nessa noite, Azinho está insone e com sede.Quem sabe, nas barracas da Feira do Salgado – futura estação ferroviária – não haverá um caritó aceso e um bom copo de aguardente?
- Não tenho nenhuma bebida – disse o bodegueiro.
- Bote água na garrafa, fica o gosto – redargüiu Itajubá.
- Não dá mais, poeta. Gothardo Neto passou aqui e já bebeu a lavagem...
artigo argumentativo a respeito da "construção" errônea, digamos, da expressão 'Plano Palumbo'. E nele há toda uma contextualização da história de Natal.
Sérgio Vilar
Vale lembrar que o dito logradouro histórico, cultural e etílico é a maior concentração de doido por metro quadrado de Natal.
Jeremiaaaaaaaaaaaaaaaaassssssssss.
Franklin Serrão
Palumbo? Por Justiça, Plano Jeremiasdesmistifica essa história de chamar os bairros de Petrópolis e Tirol como 'Plano Palumbo'. Tudo isso começou com uma fantasia de nossa Abelhinha que foi na onda de um zangão dado a lendas e fábulas.
Woden Madruga
Vindo da esquerda da lagoa de Manoel Felipe, o riacho Tissuru ganhava águas sobradas desta e seguia rumo à cruz do Baldo, Bica, dando de beber à povoação que dormitava à direita, em claros habitada até o topo da duna, Cidade Alta, e seguia descendo, até proximidades da feira da Tatajubeira, na campina da Ribeira, adjacências do porto novo, esplanada que começava a trazer desenvolvimento para a pequena capital. Eduardo Alexandre
Desmistificou o tal Palumbo. Viva Jeremias! Alex Gurgel
ao invés de palumbianos, somos mesmo é jeremianos.
Chico Lira
Que tal um Projeto de Lei para mudar o nome de Tirol para Solidão?
Leonardo Sodré passou pelo crivo do WM, instalou a polêmica e ainda tirou onda.
Antoniel Campos
Peguei os “feriados” para ler o último número da revista Palumbo. Traz uma entrevista com o jornalista Jomar Morais, que está em qualquer seleção que se fizer da melhor imprensa brasileira nestes últimos trintanos, hoje aposentado, vivendo em Natal, e dedicando tempo integral às suas pesquisas e reflexões espirituais.
Outro texto que me chamou a atenção é o artigo de Eduardo Alexandre Garcia, “Palumbo? Por Justiça, Plano Jeremias”, que desmistifica essa história de chamar os bairros de Petrópolis e Tirol como “Plano Palumbo”. Tudo isso começou com uma fantasia de nossa Abelinha que foi na onda de um zangão dado a lendas e fábulas.
A verdade, como se sabe, é que Palumbo não botou um meio-fio nem no Tirol e nem em Petrópolis, que já existiam há muito tempo antes dele aportar em Natal, final dos anos vinte, convidado pelo prefeito Omar O’Grady. Na verdade, na verdade, dos desenhos de Palumbo só ficou mesmo o alargamento da Duque de Caxias, na velha Ribeira. Mas isso é outra história.
A imprensa natalense, muitas vezes por desinformação e a falta de uma leitura mais qualificada, reinventa a história da Cidade, embaralha fatos e pessoas, cria uma “Praça Cívica”, uma “Praça das Flores”, um “Largo do Teatro”, uma “Praia do Centro” (Imagine uma praia no Grande Ponto, na Cidade Alta!), muda os nomes das ruas e avenidas tradicionais, mistura os bairros, cria “prolongamentos” de avenidas, faz paródias e coisas que tais. Plano Palumbo é uma delas.
Gostei do artigo de Eduardo Alexandre. Pena que ele não tenha citado o mestre Luis da Câmara Cascudo Em sua História da Cidade do Natal, Cascudo conta tim-tim-por-tim-tim como surgiram os bairros de Petrópolis e Tirol nos descampados da Cidade Nova. Transcreve, inclusive, uma carta do governador Alberto Maranhão, irmão de Pedro Velho, onde tudo começou, e onde tudo esta contado.
Também teria citado o livro do arquiteto e urbanista João Mauricio de Souza, Evolução Urbana de Natal em 400 anos.
Eu, se fosse Afonso Laurentino, mudaria o nome da revista.
O artigo
Palumbo? Por justiça, Plano Jeremias
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Eduardo Alexandre
No início dos 1900's, com 13 mil habitantes, Natal era cidade tão pequena que os que a visitavam gracejavam: "Natal? Não há tal!"
Vindo da esquerda da lagoa de Manoel Felipe, o riacho Tissuru ganhava águas sobradas desta e seguia rumo à cruz do Baldo, Bica, dando de beber à povoação que dormitava à direita, em claros habitada até o topo da duna, Cidade Alta, e seguia descendo, até proximidades da feira da Tatajubeira, na campina da Ribeira, adjacências do porto novo, esplanada que começava a trazer desenvolvimento para a pequena capital.
Porto, terminal ferroviário da Great Western, sede de governo na rua do Commercio, depois Chile, a Ribeira dava cartas do progresso lento que a cidade vivia.
Quase esquecidos, estavam os tempos de grande movimentação comercial do porto de Guarapes, que quase leva para Carnaubinha, margem esquerda do Jundiaí, a honra de sediar o governo provincial nos idos 1860's, quando Fabrício Pedrosa ali inaugurou feira, construiu porto, palacete para sua residência, escola, armazéns, abrigo para escravos, comandou a economia do Rio Grande do Norte e mudou o nome de Coité para Macaíba.
Vem de Guarapes e da gente que viria de Fabrício Pedrosa, a insatisfação de Natal ser, neste início dos 1900's, tão pequena, limite leste da Cidade do Alto fincado no sítio Cucuí, à direita da Ulisses Caldas, e palacete inacabado do juiz federal, doutor Porfírio Santos, depois vendido e reformado em 1906 para sediar o Colégio Imaculada Conceição, à esquerda de quem vinha do Rosário para a tétrica e temida, mas divertida zona meretrícia do Vem-quem-quer, rua Mossoró, caminho de vivendas, sítios, quintas e granjas antes dos morros. Casebres, choupanas, morro do Estrondo a espalhar medos e lendas em trilhas a ele levadas.
Depois de ganhar porto e terminal ferroviário, a Ribeira queria aterro para ver-se livre das águas do braço de rio que avançava até beiradas das dunas que levavam ao sítio do Jacob, tapera erguida no alto do Belo Monte, visão do Atlântico descortinando-se ribas abaixo.
Era naquela área, descendo o Belo Monte e se expandindo até as proximidades da lagoa de Manoel Felipe, que o primeiro governador republicano do RN, Pedro Velho, sonhava dar à cidade o seu terceiro bairro: a Cidade Nova.
Prefeitura chamava-se Intendência. Tinha presidente. Pedro Velho era filho de Amaro Barreto, o homem que seguiu os caminhos do cemitério do Alecrim, fincou direção de estrada no Alto da Bandeira, levando-a até o entreposto de Guarapes, onde estava fixado o grande comércio.
Em 1901, era intendente de Natal o presidente Joaquim Manoel Teixeira de Moura, chamado Quincas Moura. Foi ele o responsável por fazer realidade o sonho de Pedro Velho, ao criar, através da Resolução 55, de 30 de dezembro, o sonhado terceiro bairro de Natal.
Por quatrocentos mil réis, Quincas Moura contratou Jeremias Pinheiro da Câmara e este demarcou as avenidas e ruas que viriam a compor o novo bairro.
Terra barata, sem valor comercial, as casinholas que interrompiam a abertura enxadrezada dessas avenidas e ruas projetadas foram compradas ou desapropriadas pela Intendência a preço vil, o que constrangeu cerca de 300 moradores e elevou vozes oposicionistas, que deram ao bairro projetado o nome de Cidade das Lágrimas: oito avenidas de 30 metros de largura, paralelas, que receberiam nomes de presidentes da República; seis ruas transversais, também paralelas, que receberiam nomes de rios norte-riograndenses e; duas praças, a Pedro Velho, que ia da Deodoro à Prudente de Morais, e a Municipal, depois Pio X, onde hoje se encontra a Catedral Metropolitana.
Como até então só haviam governado o Brasil seis presidentes, as duas últimas avenidas projetadas se chamaram provisoriamente avenida 7 e avenida 8, respectivamente, hoje, avenidas Afonso Pena e Hermes da Fonseca.
O Master Plan da Cidade Nova, como foi chamado, foi concluído em 1904 pelos engenheiro Antônio Gondim e agrimensor italiano Antônio Polidrelli, contratados em julho de 1903, contando 60 quarteirões. Casas com terrenos de 30 metros de frente, separadas umas das outras por, pelo menos, 5 metros de distância.
A maior das avenidas era a avenida 8. Tinha 5.261 metros de extensão. Ia até onde hoje está o Midway Mall, cruzando a avenida 15, que vinha do Alecrim, Bernardo Vieira depois e limite da cidade, posto fiscal, "corrente".
A Cidade Nova foi dividida em dois bairros: Petrópolis, em homenagem à cidade fluminense e; Tirol, província austríaca, cantão suiço.
Petrópolis desenvolveu-se em torno do Monte Belo, Belmonte, Monte Petrópolis depois, trilhos descendo bonde aos pescadores de Areia Preta já em 1913; subindo Caminhos da Saúde, tapera do Jacob tansformada em residência do governador Alberto Maranhão, edificação que em 1909 se transforma em Hospital Juvino Barreto, sogro do construtor do Teatro Carlos Gomes, alagado da Ribeira aterrado, porém ainda não vencido.
Ao pé do Belo Monte, homenagem ao presidente da Intendência, a rua Joaquim Manoel levava à Ribeira e, no outro extremo, encontrava a avenida 8, em curva que levava ao sul, onde, cansado de deitar vistas sobre o mar, Joaquim Manoel ergue Senegal, hoje sede do Distrito Naval, vivenda defronte à Solidão, de Pedro Velho, que seria Escola Doméstica de Natal. Ainda insatisfeito, o intendente Quincas Moura edifica nova residência onde viria a ser o 16 BIM. Defronte, mais um empreendimento de Alberto Maranhão, casa com piscina e poço tubular, depois transformada em Aéro Clube.
É esta a área que hoje querem chamar Plano Palumbo. Um erro.
Giacomo Palumbo, arquiteto italiano, só aparece na história de Natal em 1929.
Contratado pelo prefeito Omar O'Grady, ele elabora o Plano Geral de Sistematização de Natal, que "articula o zoneamento da cidade (definição e distribuição das funções administrativas, comerciais, Industriais, etc.), com o embelezamento (agenciamento de ruas e avenidas, arborização, passeios, parques, etc.) com a infra-estrutura (sistema viário, iluminação, etc.) e com medidas ambientais e de higiene, como a criação de um grande parque central, e a localização adequada de cemitérios e matadouros."
Ao que querem chamar Plano Palumbo a área mais nobre de Tirol e Petrópolis, observados critérios técnicos, por justiça, deveriam chamar Plano Jeremias, o dos primeiros contornos, ou, quando muito, Plano Polidrelli, que a partir de 1903 sequenciou os traçados dos novos bairros de Natal e, ao que parece, também enxadrezou planejamento para avenidas e ruas do Alecrim, dando-lhes numeração como fizera à avenida 8, hoje a importantíssima avenida Hermes da Fonseca, a que, na II Guerra, recebeu asfalto para transportar soldados, mantimentos, máquinas, combustíveis e armas entre Natal e o campo de pouso aéreo aliado instalado no Rio Grande do Norte, o Parnamirim Field, caminhos do sul, hoje rodovia de entrada da cidade, braço de Br.
Por critérios políticos, Plano Governador Pedro Velho, Plano Governador Alberto Maranhão ou Plano Intendente Joaquim Manoel.
Plano Palumbo, jamais.
Hai Kai faz pensar. Neste de Bira, eu sei que ele quer dizer que a campanha de Serra mente, mas que essa é uma luta vã: Dilma vai ganhar, apesar das mentiras da campanha adversária.
Eu me ative a outro pensamento: nesse momento brasileiro, exceção é a verdade. Todos mentem. Mente Serra; mente Dilma. Nunca na história desse país, se mentiu tanto.
E mentir, aqui, não é só o ato de proferir e divulgar uma mentira. É uma série de gestos. Quando se ardila uma mentira, já aí surge o feio, que se sequencia exalando mal.
Eu sei que a mentira não se manifesta apenas em palavras. Quando um governante, uma autoridade qualquer se vale de impostos para pagar uma campanha política, ele está usando isso para fabricar uma mentira de resultado eleitoral, que resultará numa gestão onde a mentira será continuada.
Os dois maiores orçamentos da Nação estão disputando um mandato. Estão disputando uma máquina arrecadadora que hoje atingiu, no ano, mais de um trilhão de reais.
Dá pra se fabricar muita mentira em busca de uma fábula rica e fácil assim.
OS MISTERIOSOS ATRASOS PARA INICIO DAS OBRAS DA COPA 2014
Mais um adiamento, mais um embuste.
A FIFA, nada preocupada, sabendo que pode descartar Natal em qualquer tempo, sem maiores explicações, pois é portadora de um Termo de Compromisso assinado por nossos governantes, submisso e humilhante, declinando de nossa soberania em troca de um lugar no banquete dos europeus. O povo não sabe disso.
Essa leviandade pode nos levar a ficar de tanga, sem lenço nem documento, sem Machadão, sem Machadinho, sem Arena das Dunas, sem Copa, sem “legado”, com uma baita dívida, e ainda, com cara de palhaços.
Essa PPP é um grande negócio para o Parceiro Privado, que vai ganhar muito com dinheiro do BNDES, tendo o Estado como fiador. Quer dizer, se o parceiro não pagar, o fiador paga através de um Fundo Garantidor que vale muito mais do que sua “avaliação” e do que o próprio empréstimo (alguém vai se locupletar com isso).
Do mesmo modo, o uso e exploração comercial da pretendida Arena das Dunas concedida ao Parceiro Privado poderá ser um fracasso, pois a SECOPA já admitiu publicamente que o futebol não lhe dará sustentação. Porém, se não for possível trazer para Natal uma Lady Gaga, uma Madonna ou uma Amy Winehouse, um Barcelona ou a Copa da UEFA, teoricamente, o Parceiro Privado não terá prejuízo, pois um Fundo Garantidor lhe dará cobertura, por mais de trinta anos.
Não entendo por que não divulgam o nome desses consórcios. Eles existem ,sim, estão entrando em todas com bastante apetite. Já têm suas propostas prontas há muito tempo, pois a coisa cheira a “combinemos”.
Se um consórcio de empresas de grande porte não consegue tecnicamente elaborar um orçamento em 45 dias, levando-se em conta que a “generosa” legislação vigente permite licitações de obras públicas orçadas sobre Projetos Básicos e não sobre Projetos Executivos, facilitando os famigerados aditivos superfaturados, indutores da corrupção generalizada neste paraíso dos mensalões, foliadutos, copadutos, propinas na cueca e coisas semelhantes, deve haver alguma muganga.
É verdade que o plano “A”, aquele mega projeto imobiliário anunciado no começo, abortado por interferência do Ministério Público e de alguns segmentos importantes da sociedade, reduziu o tamanho do “pacote” e arrefeceu o ímpeto dos investidores, mas, mesmo assim, ainda é um bom “negócio”, deixando, porém, um risco para o empresário ao assumir o compromisso de manutenção da coisa, sem receita, por mais de trinta anos, tendo por garantia apenas uma contrapartida duvidosa e um fiador que é mudado a cada quatro anos.
Assim, o “único prazo cumprido” até hoje foi a brutalidade da demolição da creche para fingir aos parceiros da CBF/FIFA o inicio de obras, deixando muitas crianças ao desabrigo, verdadeiro crime de lesa pátria. Esse adiamento, portanto, é mais um blefe nesse universo de mentiras e de propaganda enganosa, por isso,acredito que “alguém” vai se interessar.
Está mais parecido com uma estratégia para empurrar o “abacaxi” para o próximo governo, que ficará sujeito à chantagem da chave de roda “ou copa ou morte”, que apequenou os legislativos do Município e do Estado no receio de serem acusados pela “morte” da cidade, fazendo-os descumprir o importante preceito constitucional de seus mandatos na defesa do patrimônio público.
Sem dúvida, a parte sadia e sensata da sociedade repudia essa esdrúxula idéia de demolir todo um patrimônio público de valor imaterial incalculável, e de valor pecuniário em torno de R$ 2 bilhões, e em seu lugar assumir um débito de R$ 420 milhões, para um evento de curta duração, sob promessa de um “legado” de desenvolvimento, que o mundo inteiro sabe que na Copa da África do Sul foi um fiasco e só deu lucro à FIFA e seus apaniguados. Os paspalhos de lá foram também anestesiados pela propaganda enganosa.
Parece que querem meter essa saia justa na futura Governadora, que, sabendo da situação caótica em que se encontra o Estado, e pela sua própria experiência bem sucedida de gestora pública, por certo não cairá nesse “Canto das Sereias”, e certamente encontrará uma solução sensata para manter Natal na Copa, salvo se o propalado “convite” da CBF/FIFA também tenha sido parte da farsa .
Basta que determine a mudança desse modelo escorchante e perverso de PPP, e a execução do “Elefante Branco” em terreno do próprio Estado no prolongamento da Av.Prudente de Morais (Av. Omar O’Grady) ou ainda, em qualquer município da região metropolitana de Natal que tenha fácil acesso às BR 101 e 304, evitando o gargalo do Machadão e respectivo impacto e degradação ambiental, principalmente impedindo a extinção do futebol do Estado, que, em última análise, é a alegria do povo pobre.
O Machadão pode não servir para o luxo exigido pelos europeus ricos, mas vem servindo há quase quarenta anos ao futebol local e ao campeonato brasileiro com passado reconhecidamente glorioso, para nossas modestas condições.
Falta uma consulta aos cidadãos e uma reflexão honesta sobre a relação custo/benefício entre aplicar quase meio bilhão de reais numa arena para dois ou três jogos provavelmente de menor expressão ouinvestir em saúde pública, educação, segurança, saneamento, etc.
Pergunta importante, todo esse “legado” prometido vem a fundo perdido ou é emprestado? Se o governo federal está emprestando dinheiro ao FMI, perdoando os seus devedores, está até querendo investir no turismo de Cuba, será que não poderia nos custear uma bolsa-Copa?
O Estado de São Paulo até hoje se nega a gastar dinheiro público da forma irresponsável como quer a FIFA. Quero ver se vai ficar fora da Copa.
Louve-se a preocupação dos Tribunais de Contas, do Ministério Público, da imprensa e do segmento mais esclarecido da população em todo o pais no acompanhamento das ações referentes a essa copa, sobretudo tentando evitar a repetição dos erros e desmandos dos jogos olímpicos de 2007.
Aqui em Natal, recomenda-se à população que procure conhecer a Ação Civil Pública de nº 001.09.030713-6 impetrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte, através do GRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL PARA ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES RELATIVAS À COPA 2014 – GAEP COPA 2014, ora tramitando na 3ª Vara da Fazenda Pública, cuja peça vestibular não deixa nenhuma dúvida sobre as ilegalidades cometidas desde o início desse misterioso processo, bem como é importante que o povo tome conhecimento do Inquérito Civil n° 019/2009 da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, no sentido de apurar os graves problemas ambientais decorrentes desse projeto naquele local inadequado.
Essas ações são instrumentos de defesa que poderão evitar o grotesco vandalismo que os governos estadual e municipal atuais pretendem perpetrar irresponsavelmente contra o patrimônio público.
Simplesmente lamentável a pretensa audiência pública de hoje na Assembléia Estadual, vendedores de geladeira a esquimós, travestidos de secretários, pregando as mesmas mentiras, querendo arrancar dos deputados um cheque sem fundo nesse negócio enrolado de fundo garantidor de PPP, depois de passar facilmente, como era esperado, pela comissão de Justiça.
O moço do Ministério dos Esportes disse que o legado só virá se houver arena, mas não soube responder aonde vão arranjar receita para sustentá-la, conforme oportuna pergunta do Deputado José Dias. O outro, da Secopa, disse que seria multiuso, isto é, além de ABC, America, Alecrim, Baraúnas, etc., deu a entender que podia-se contar talvez com Barcelona, Real Madrid, etc., fora shows internacionais, recepções, casamentos,batizado
s e até velório, tudo suficiente para pagar o empréstimo do Parceiro Privado durante mais de trinta anos, deixando lucro, é claro, dando até para pagar a folha de pagamento dos funcionários.
Povo, mesmo, não tinha quase ninguém. Parece que todos capitularam diante da força esmagadora do "rolo compressor" FIFA/CBF.
O legado virá na “ marra” como foi na Copa da Africa? Era visível o constrangimento dos participantes da pantomima.
As poucas perguntas que ocorreram tiveram respostas evasivas, o presidente da FNF, principal responsável por nosso futebol, protestou contra o menosprezo dos gestores públicos à sua instituição, até porque, dias atrás, a Prefeitura, por maioria dos “seus” vereadores, doou ilegalmente e irresponsavelmente todo o patrimônio do Machadão ao Estado, para que o mesmo o repasse para investidores privados, de graça, sem ouvir sequer a opinião da FNF, que foi a verdadeira doadora daquele patrimônio à Prefeitura.
A professora Nadja Cardoso protestou contra a demolição do Machadão e equipamentos vizinhos, alegando racionalmente que seria ganho de tempo e custos construir a nova arena em qualquer outro lugar, ficando o patrimônio com 2 estádios ao invés de apenas um, mas o arguto demolidor replicou que a reforma do Machadão seria impossível, que tinha deficiências de toda espécie, inclusive falta de estacionamento, deslavada mentira, pois ele sabe muito bem, tanto quanto os senhores Gustavo Carvalho, Wagner Araujo, Adalberto Pessoa, Ney Dias, Carlos Eduardo Alves, Carlos Eduardo Câmara e a Sra Magnólia Figueiredo, que o estudo apresentado à CBF e discutido exaustivamente com a comissão da FIFA, atendia a todos os requisitos exigidos no caderno das especificações, e, enquanto ao meu lado ele participava da sabatina, tudo indica, estava contratando, a peso de ouro, sem licitação, uma empresa de contadores públicos e não de engenheiros ou economistas, que, afinal, foi quem decidiu demolir o Machadão exigindo que fizessem um outro estádio no mesmo lugar, alegando o arquiteto contratado o critério de "amor à primeira vista" para escolha do local .
Quem quiser, tente adivinhar o QI (Quem indicou?) da referida empresa. Enquanto isso, todos sumiram rapidamente.
Em 15 de julho de 2010
Jornal de
Roberto Guedes
COPADUTO (01)
Jornalista recorre ao MP contra demora no tombamento do estádio de futebol
Autor de um pedido de tombamento do estádio municipal João Machado como patrimônio cultural do Rio Grande do Norte que dormita desde o fim de maio último no gabinete da presidência da Fundação José Augusto, braço cultural do governo do Estado, o jornalista e produtor cultural Eduardo Alexandre Garcia, criador da famosa “Galeria do Povo”, na praia dos Artistas, resolveu pedir que entre em campo o poder judiciário e o ministério público.
Ontem, quarta-feira 14, ele enviou aos promotores públicos Gilka da Mata e João Batista Machado, integrantes da Coordenadoria de Apoio às Promotorias de Defesa do Patrimônio Público, uma cópia do pedido de tombamento, com duplo objetivo. Por um lado, deseja que o “parquet” estadual verifique o acerto da reivindicação. Por outro, quer que conheça a desatenção que lhe concedeu a presidência do órgão cultural do executivo estadual.
Integrante de família muito ligada ao esporte, “Dunga”, como Eduardo Alexandre é tratado pelos amigos, resolveu pedir o tombamento para evitar a destruição do estádio, também conhecido como “Machadão”, e do ginásio de esportes Humberto Nesi, também referenciado como “Machadinho”, para cederem lugar ao “Arena das Dunas”, estabelecimento idealizado para acolher jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2.014.
A indicação dos promotores foi-lhe apresentada pela bacharel Izabel Pinheiro, titular da Coordenadoria de Apoio às Promotorias de Defesa do Patrimônio Público, Combate à Sonegação Fiscal e Defesa das Fundações, à qual Eduardo Alexandre havia recorrido há poucos dias, quando decidiu submeter a questão ao poder judiciário, conforme registrou então o “Jornal de Roberto Guedes Via e-mail”.
Este é, na íntegra, o ofício que ele encaminhou a Izabel:
“Excelentíssima Senhora
Isabel Pinheiro
Há mais de um mês, protocolei pedido de tombamento do Machadão e do Machadinho (28 de maio p.p., cópia de documento abaixo, assinado como recebido pelo protocolista Cícero Duarte Costa) junto à Fundação José Augusto.
Até a presente data, a instituição, que tem a obrigação legal de defender o patrimônio histórico, cultural, artístico e arquitetônico do Estado, sequer dignou-se a me fornecer número de protocolo do documento nem sua assessoria de comunicação está autorizada a prestar qualquer esclarecimento a respeito.
Diante do fato, venho, respeitosamente, a esta Promotoria do Ministério Público, saber da possibilidade de acompanhar tal processo, cobrando da presidência da referida entidade dar encaminhamento legal ao pedido de tombamento dos referidos bens públicos, como a lei em questão exige e assegura a qualquer cidadão.
Certo de contar com o acolhimento, manifesto meus respeitos e considerações
Em Natal, RN, 14 de julho de 2010.
Eduardo Alexandre de Amorim Garcia”.
COPADUTO (02)
Responsável pela atração da Copa quer
lançar edital sem licença ambiental
É sem o menor respeito pela legislação pré-existente que os gestores públicos mobilizados pelo projeto de atração de jogos da Copa do Mundo de 2.014 para Natal querem agir no sentido de recuperar os prazos que perderam ao longo de mais de dois anos de vinculação com a entidade responsável pelo certame, a Federação Internacional Association (Fifa).
Isto é o que ficou evidente nesta quarta-feira, 14, ontem, quando o jornalista e industrial Fernando Fernandes de Oliveira, titular da secretaria especial para a Copa criada no âmbito do governo estadual, declarou que o edital das obras de mobilidade urbana deverá ser lançado sem a licença ambiental e os alvarás de construção e instalação.
Como se sabe, o respeito às normas que exigem precedentemente a licença ambiental e alvarás existe para todos os norte-rio-grandenses e natalenses. Os construtores do “Copaduto”, como o jornalista Alex Medeiros, colunista do vespertino “O Jornal de Hoje”, batizou o time de autoridades que montam as jogadas da copa em Natal, consideram-se acima da exigência porque deixaram se estreitar perigosamente o prazo que a Fifa concedeu às cidades que, como a capital potiguar, se habilitaram a figurar como sub-sedes na Copa de 2.014.
Segundo o Secretário, impõe-se passar por cima da licença e dos alvarás para que o edital visando a construção do estádio “Arena das Dunas”, até hoje mera concepção holográfica em computador como cenário para a versão natalense da Copa do Mundo, seja publicado nos próximos dias. “A busca das licenças atrasaria o processo”, argumentou.
Em 09 de julho de 2010
Vitória da chantagem
A Câmara Municipal de Natal ofereceu, nesta última quinta-feira, 8 de julho de 2010, mais uma vergonhosa colaboração ao projeto nacional de levar o Brasil a uma ditadura nos moldes da Venezuela, no triste episódio da discussão sobre o pretenso “EXTERMÍNIO” do patrimônio público constituído pelo chamado Complexo do Machadão, (cuja defesa seria constitucionalmente de sua obrigação), permitindo sua DOAÇÃO ao Estado, para que o mesmo repasse a uma empresa privada com o objetivo de cumprir o provável assalto ao erário, o qual está sendo batizado de “COPADUTO”, com inequívoca cumplicidade dos gestores públicos.
Cumpre registrar nominalmente os cinco vereadores que honraram seus mandatos tentando dialogar democraticamente em defesa dos bens do povo. São eles: Ney Lopes Jr, Prof. Luis Carlos, Raniere Barbosa, George Câmara e Sargento Regina, os quais, apesar da torpe ameaça de jogá-los contra o povo, através da chantagem nazi-fascista “quem for contra a doação é contra a Copa e contra Natal”, proferida pelo líder do governo e acompanhado cordeiramente pelo resto, mesmo assim, não se deixaram intimidar.
Portanto, não houve discussão, tudo ocorreu às carreiras, de cartas marcadas, em obediência canina aos prazos da FIFA, parecendo ser, no momento, mais importantes do que a própria DIGNIDADE E SOBERANIA NACIONAL. Trocaram a discussão responsável e obrigatória sobre alienação de patrimônio público por indecorosa arenga político-eleitoreira.
Tudo começou com uma emenda do vereador Ney Lopes Jr. pretendendo substituir no esdrúxulo Projeto de Lei o termo DOAÇÃO por CESSÃO, provando que este ultimo seria uma forma de garantia de retorno do bem ao cedente, proposta derrubada pela claque sob o argumento do vereador Hermano Morais, de que a doação seria uma garantia para o doador, e, pasmem, para o donatário, PPP, ainda desconhecido (cheque em branco a portador abstrato).
Os defensores da simples cessão disseram com muita propriedade: "quem doa não recebe de volta e quem cede apenas empresta", e, ainda mais, numa parceria do gênero, se um dos parceiros exige a doação, é porque está de ma fé e não pretende devolver o bem.
Ora, não se trata de simples questão de hermenêutica, mas de ordem prática. Uns alegaram que o contrato diz que o bem seria devolvido até 35 anos depois, com TODAS AS BENFEITORIAS, e, eu, pergunto: e se o contrato for desfeito por qualquer motivo, após a demolição dos BENS EXISTENTES, antes da construção da arena, a parcela dos bens exterminadas restaurada ou RESSUSCITADA, para devolução do patrimônio em seu valor original? Ou seja, vão devolver o Machadão e Machadinho inteirinhos, ou a PPP VAI NOS INDENIZAR EM MOEDA CORRENTE, ou quaisquer outras GARANTIAS, e, aí, ficaremos sem estádio, sem ginásio, sem Arena das Dunas, sem Copa, igual ao caipira que caiu no conto do vigário? Não seria mais simples e racional construir a arena em qualquer das INÚMERAS glebas oferecidas pelo Estado como FUNDO GARANTIDOR do negócio... ou negociata ?
Nesse episódio, a chantagem saiu vitoriosa. Vamos aguardar a Assembleia Legislativa e o Ministério Público. Deus nos proteja, Amem.
@Dunga53 Como já disse, quem pode lhe informar sobre isso é o chefe de Gabinete, Gilson, que vc conhece.
Tiraram a tampa da lixeira
Moacyr Gomes da Costa*
Caiu a máscara. A sujeira está escancarada: o governo confessa no Diário Oficial do Estado do último dia 22, que vem enganando o povo há muito tempo sobre essa fantasia chamada Arena das Dunas.
Tudo começou em setembro de 2008, quando o ex-secretário de Turismo, e atual todo-poderoso dono da Copa 2014, foi ao Rio expor à CBF um estudo de adequação do Machadão para a dita Copa, e voltou sorrateiramente com um contrato milionário de consultoria e projeto visando demolir o próprio Machadão e adjacências, para dar lugar a uma arena multiuso, rodeada de um mega-projeto de cunho especulativo-imobiliário.
Em princípio, informava que tal arena seria projetada pela empresa HOK SVE, de grande renome internacional no assunto, mas, na realidade, foi contratada, sem licitação, em seu nome, uma empresa desconhecida, a Coutinho, Diegues, Cordeiro Arquitetos, que elaborou uma maquete eletrônica e logo depois abandonou a tarefa.
Mais adiante, surgiu o arquiteto Felipe Bezerra como co-autor (co-autor de qual autoria?) e, ao que se sabe, após o dispêndio de R$ 3,6 milhões, fora viagens ao estrangeiro, propaganda enganosa, carnaval de rua e compra de silêncio (não se sabe ainda quanto custou o uso do acervo promocional da HOK nem da co-autoria registrada), no meio do ano passado, mais um contrato sem licitação foi assinado com uma fundação, por mais de R$ 600 mi, para uma falsa licença ambiental com o fim de demolir o patrimônio, e; mais recentemente, a estúpida demolição da creche Kátia Fagundes, deixando 160 crianças sem estudo. Demolição que custou, também sem licitação, um preço absurdo, que, num país sério, levaria gente a ver o sol quadrado.
Por fim, o governo confessa que, de fato, não tem projeto de espécie alguma; que jogou o dinheiro do povo pelo ralo; que mentiu quando disse que tudo seria pago pela iniciativa privada, mas, na realidade, será tudo custeado pelo dinheiro do povo e, certamente, vai ainda chantagear os poderes legislativos, como já vem fazendo, para permitirem doar a uma empresa privada um patrimônio que vale, no mínimo, quatro vezes mais do que o empréstimo pretendido, a título de garantia de uma transação que já deverá ter suas cartas marcadas.
Tudo cheira a uma gigantesca partilha dos bens e direitos públicos.
Por outro lado, a imoral inexigibilidade de licitação contida nos contratos de 27 milhões publicados no Diário Oficial acima referido, representa o cerceamento do direito de competir dos profissionais de arquitetura e engenharia de Natal (para que universidades formando anualmente centenas de arquitetos, urbanistas e engenheiros?), devendo caber ao Clube de Engenharia, Sindicato dos Engenheiros, SENGE, IAB/RN, aliados à OAB e ao Conselho de Economistas, com o patrocínio do CREA/RN, o pedido de recurso ao Ministério Público contra a lesão dos seus direitos postergados pelo “rolo compressor” da improbidade administrativa.
Outrossim, cabe a pergunta ao IAB/RN, tradicional defensor dos valores culturais, arquitetônicos e históricos: se o Machadão tem algum desses valores, por que não apoiar o pedido de seu tombamento solicitado pelo cidadão Eduardo Alexandre Garcia, à Fundação competente, até agora, autoritariamente, sem resposta?
A sociedade precisa ter ciência da Ação Civil Pública nº 001.09.030713-6, requerida pelo Grupo de Atuação Especial para Acompanhamento das Atividades Relativas à Copa 2014 – GAEP COPA 2014 e do Inquérito Civil Público da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente.
A sociedade brasileira não pode capitular diante de mensalões e foliadutos. Precisamos eliminar todo esse lixo.
*Arquiteto – 7473 D – CREA RJ
Natal, 27/06/2010
A PROVA DA FARSA
Dr. Carlos de Miranda Gomes
Ao tomar ciência das últimas notícias sobre os procedimentos para a construção da “Arena das Dunas” e conhecer alguns dados alarmantes, inevitavelmente entrei em depressão. Não pelo fato da possível demolição do Machadão e o restante do complexo de prédios, pois nada material é eterno, mas pelo descaramento de um lado e a omissão de outro sobre as farsas que estão sendo perpetradas contra o povo do nosso Estado.
Há alguns dias publiquei artigo sobre o "Início da Farsa", quando resolveram demolir a Creche Kátia Garcia e não colocaram outra em seu lugar, a teor das reclamações dos pais ventiladas na imprensa.
Mas agora, para a análise e meditação dos cidadãos e dos defensores da fúria demolitória, estou anexando os extratos dos contratos celebrados e publicados no DOE do dia 22/6: um de R$ 12.670.000,00 para serviços dos projetos complementares para a Arena das Dunas; o outro, no valor de R$ R$ 14.885,450,00 para elaboração do projeto arquitetônico e documentação para o novo Estádio Arena das Dunas. Observe-se, quem assinou os contratos foi o Sr. Armando José e Silva, porque o Fernando Fernandes está na sede da Copa de 2010.
Mas não tinha sido paga uma boa quantia para um mirabolante projeto apresentado por Fernando Fernandes e difundido até hoje, com juramento que era o tal projeto?
A verdade é que nunca houve projeto nenhum, mas o dinheiro foi pago e TUDO COM INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO, com parecer da Procuradoria do Estado, que agora quer incorporar a Consultoria Geral.
Este fato precisa de explicações convincentes e urgentes e para isso devem ser convocados o Tribunal de Contas, o Ministério Público, a Assembléia Legislativa do Estado, a Câmara Municipal, o CREA e demais órgãos que tenham interesse na moralidade pública.
Como anda o processo de tombamento? Como se posicionou a Controladoria Geral do Estado?
Ao dizer isso, quero lembrar que quando fui o seu titular passei por momentos difíceis e tive a coragem de sustar os registros dos processos de pagamentos enquanto não se cobrisse a dotação para pagamento dos servidores públicos; sustei a venda, através de “leilão”, de grande área de terreno pertencente ao DER. Jamais tive medo de ser exonerado e não o fui, porque tive a coragem de advertir os meus superiores para as coisas erradas e ser por eles ouvido. Nunca pequei por omissão.
Mas hoje já não sou nada, pois não ocupo nenhum cargo público, não tenho dinheiro e não sou capaz de fazer mal a ninguém, daí não ser mais registrado em nada e até já fui excluído dos compêndios das figuras ilustres da sociedade e já não recebo muitos convites para eventos oficiais. Aliás, quero mesmo que não me convidem, pois não suporto os cínicos e bajuladores.
Contudo, é do meu destino não ficar calado e estarei presente, mesmo que várias e graves enfermidades me sejam companheiras nos tempos atuais. Enquanto tiver um sopro de vida participarei dos debates em favor do povo da minha terra e combaterei os ‘fichas sujas’ através de artigos que envio para a imprensa e nem todos são publicados e agora através do meu ‘blog’ http://mirandagomes.zip.net ou cara a cara nos encontros fortuitos ou programados nas livrarias, sebos, plenários, audiências públicas.
Quero a ajuda dos meus amigos para me aconselharem para não cometer excessos, através das dezenas de e-mails que recebo, graças a Deus. Estou vivo, lúcido, ainda que sem saúde plena.
Nem mesmo sei se valeria essa briga toda contra a demolição absurda do Machadão, em detrimento de tantas obras estruturantes indispensáveis para melhorar a qualidade de vida do nosso povo, pois não tenho a certeza de estar neste mundo na Copa de 2014.
De qualquer forma, estimarei ouvir o clamor do povo e a providência das autoridades.
Se isso não vier, gostaria que a implosão do velho Machadão, também alcance certos órgãos públicos que não funcionam e com quem estiver dentro deles.
De antemão confesso-me INDIGNADO e inteiramente CÉTICO com as coisas deste País e, particularmente, do Rio Grande do Norte e da cidade do Natal.
Com extrema tristeza, mas com o respeito de
Carlos Gomes
ANEXOS:
Processo Nº 74349/2010-7 – SETUR
Interessado: POPULOUS ARQUITETURA LTDA
Assunto: Inexigibilidade de Licitação – Prestação de Serviços especializados para a elaboração do projeto arquitetônico do “Estádio das Dunas – Novo Machadão”
Termo de Inexigibilidade de Licitação
Para os fins do art. 26 da Lei nº 8.666/93, com as alterações posteriores, DECLARO a INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO para a prestação de serviços especializados para a elaboração do projeto arquitetônico e documentação para um novo estádio em Natal/RN com capacidade mínima de 45.000 assentos individuais, a ser elaborado de acordo com as normas da FIFA para a Copa do Mundo de Futebol, abrangidas as fases de Projeto Básico, Projeto Executivo e Administração de Obras, o que faço com base no preceituado pelo caput do art. 25, II da Lei 8.666/93, e, via de conseqüência, AUTORIZO a contratação direta da empresa POPULOUS ARQUITETURA LTDA, inscrita no CNPJ sob o n.º 10.736.110/0001-70, limitada ao valor global de R$ 14.855.450,00 (quatorze milhões, oitocentos e cinquenta e cinco mil, quatrocentos e cinquenta reais), lançando-se a despesa com a contratação dos serviços à conta dos recursos alocados a esta Pasta, assim classificados: Dotação Orçamentária: 28.101.27.811.2804.12391 – Realização da Copa do Mundo 2014 em Natal - Elemento de Despesa: 3390.35 – Serviços de Consultoria – Fonte 100.
Natal, em 31 de maio de 2010.
Armando José e Silva
Secretário Adjunto.
(DOE 22/6/2010)
PROCESSO Nº 56501/2010-9 – SETUR
INTERESSADO: Stadia Projetos Consultoria e Engenharia Ltda
ASSUNTO: Inexigibilidade de Licitação – Prestação de Serviços Especializados Para a Execução de Projetos Complementares e Gerenciamento do Projeto “Estádio Das Dunas”
Termo de Inexigibilidade de Licitação
Para os fins do art. 26 da Lei nº 8.666/93, com as alterações posteriores, DECLARO a INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO para a prestação de serviços especializados no desenvolvimento dos projetos complementares, básicos e executivos, relativos ao empreendimento denominado Arena das Dunas, a ser construído em Natal, para realização dos jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2014, bem como o Gerenciamento Total do Projeto, o que faço com base no preceituado pelo caput do art. 25, II da Lei 8.666/93, e, via de conseqüência, AUTORIZO a contratação direta da empresa STADIA PROJETOS CONSULTORIA E ENGENHARIA LTDA, inscrita no CNPJ sob o n.º 10.991.455/0001-70, limitada ao valor global de R$ 12.670.000,00 (doze milhões, seiscentos e setenta mil reais), lançando-se a despesa com a contratação dos serviços à conta dos recursos alocados a esta Pasta, assim classificados: Dotação Orçamentária: 28.101.27.811.2804.12391 – Realização da Copa do Mundo 2014 em Natal - Elemento de Despesa: 3390.35 – Serviços de Consultoria – Fonte 100.
Soa estranhamente o silêncio das autoridades que podem fiscalizar a tremenda trapalhada financeira dos governos que administram a possibilidade de Natal ser subsede da Copa do Mundo de 2014, refém de um custo astronômico para realização de dois ou três jogos de futebol.
Jornalistas, cronistas, Blogueiros, enfim, todos os que dispõem de espaços jornalísticos denunciam as cifras altíssimas para a construção de um projeto arquitetônico que, há tempos, havia sido apresentado como concluído. Imitando Túlio Lemos, pergunto: O que é que está havendo?
E, enquanto se analisa os passos atabalhoados dos dois governos, 160 crianças perderam sua creche, demolida rapidamente para mostrar serviço aos fiscais da poderosa FIFA. O próximo passo da sanha milionária destruidora, será a derrubada do Estádio Machadão.
Mas, outra discussão se iniciou com relação a derrubado do patrimônio público depois que o jornalista Eduardo Alexandre Garcia formalizou um pedido de tombamento para o estádio de Lagoa Nova. A partir da sua iniciativa, a discussão foi reavivada. Por que derrubar para construir?
Todos queremos a Copa de 2014, embora os estressados defensores da destruição argumentem apenas que os que são contra a destruição de patrimônio não queiram a Copa do Mundo. Queremos sim, mas em outro local.
Por que tanta resistência? Por que querem gastar duplamente?
Essa deveria ser a pergunta das autoridades que podem fiscalizar, mas que se mantêm silenciosas. _______________________
parabéns, leo, pelo texto.
só mudaria o verbo: de poder para dever, no silêncio daqueles que devem fiscalizar. MPE, MPF, TCU, TCE, CREA, etc.
27 milhões para um projeto, depois de se pagar 3 mi por uma maquete eletrônica? meu amigo, isso não existe em canto algum.
por aí, já no início, mostra-se a 'fome' com que virão sobre a viúva. raça de escrotos. sanguessugas.
torço com todas as forças para que Natal seja degolada. É um absurdo o que está prestes a acontecer.
Antoniel Campos
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1. tenho acompanhado todas as postagens e discussões com natural (para mim, é) indignação. não me pronuncio, pois tudo é muito bem colocado e não vejo graça em chover no molhado.
2. a princípio, havia achado bacana a espetacularidade do projeto da arena das dunas.
3. logo a seguir, percebi que não era interessante, do ponto de vista ecológico e urbanístico, por conta do local ser um captador de água;
4. a saída seria construir entre parnamirim e macaíba;
5. agora, não vejo mais nenhuma "beleza" em sediar a copa por aqui.
6. se rolar o abaixo-assinado que se cogitou para o andamento da "causa dunga", eu assino.
é isto.
Vicente Vitoriano _______________________
Em cada 100 anos se perde a referência de uma geração Natal explode
Em edifícios que vão se esticando aos céus
rasgado pelo vento que joga sua poeira no universo, em nome de um
progresso.
Deixando no solo um suspiro para a última saudade dos que viveram e ou conheceram sua história.
edificam-se prédios em lugar de casas, assentam-se placas douradas como nas catacumbas e mausoléus
com nome de ex-proprietários, como se fossem epitáfios ... aqui jaz ...
uma saudade.
E Natal ficando sem prédios históricos, sem casas centenárias, sem patrimônio cultural.
cadê os casarões centenários, cadê?
cadê nossa história de 400 anos? cadê?
somente a Fortaleza dos Reis Magos segura o cetro
de mais de 400 anos.
As demais tombam com o muro de Berlim.
A casa de pedra, o centro cearense, a casa redonda de maria boa na
praia do meio e tantas outras boas casas que tombaram, assim como o CASTELÃO vai tombar ?
Salve Dunga, Salve o MONUMENTO DO FUTEBOL POTIGUAR.
Leide Câmara
05 de junho de 2010
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Caro Eduardo:
Recebi e gostei muito de suas mensagens de ontem. Seria ótimo se fossem publicadas. Achei muito útil e esclarecedora a entrevista na TV Câmara. Gostaria de conseguir uma cópia, para divulgá-la o máximo possivel.
Agnelo Alves vem publicando uma matéria aos domingos sobre a história do Machadão. Hoje já saiu o 2º capitulo. Se você não estiver acompanhando me avise que lhe mandarei depois. Estou anexando o recorte da crônica de João Saldanha no "O Globo" do Rio de Janeiro, quando aqui esteve cobrindo jogos da mini-copa do mundo, ocasião em que afirmava que em sua opinião o nosso estádio era o mais bonito do Brasil. Como foi de autoria de arquiteto daqui, e sem qualquer recompensa pecuniária, ao invés do tombamento que os povos civilizados outorgam a suas manifestações culturais e históricas, está na iminência de ser brutalmente tombado pelas marretas dos selvagens que dominam nosso povo ingênuo.
Estou mandando esta mensagem para muitas pessoas, das quais, significativa maioria, tenho certeza, repudia tamanha estupidez e seus objetivos sabidamente suspeitos.
Aproveito a oportunidade para lhe sugerir, na sua qualidade de comunicador, que procure saber a opinião dos arquitetos/urbanistas, tradicionais e reconhecidos defensores da preservção do patrimônio da cidade.
Abraço do amigo Moacyr
Vergonha e indignação Petit das Virgens
No Rabo Solto, página do Facebook de Lola
A negociata é a seguinte: o governo do Estado encomendou um projeto virtual da Arena das Dunas a uma firma internacional indicada por Ricardo Teixeira, com a garantia de que, em troca, Natal sediaria a copa 2014. Valor já pago: 3,6milhões de reais. Foi feita uma campanha publicitária para ter apoio popular.
Os investidores executores internacionais ficariam com toda área por trinta anos. Demoliriam Machadão, Machadinho, Centro Administrativo, papódromo e kartódromo. Em troca, construiriam a Arena e dois prédios administrativos que seriam alugados ao governo e prefeitura por 30 anos.
Com a crise imobiliária, os investidores sumiram. O governo Lula anunciou que bancaria tudo com dinheiro público. O arquiteto Moacyr Gomes, que fez o Machadão, tem um projeto paralelo de reforma que atende às exigências da FIFA e custa cerca de cem milhões de reais, mas, por motivos obscuros, o governo não o quer.
Só a demolição custa quase isso. Há poucos dias, vieram uns fiscais da FIFA para ver as obras. Na verdade, a demolição de uma escola infantil no local. Isso mesmo que você leu: foi demolida uma escola/creche com 300 alunos e custou 300 mil sem licitação.
Eduardo Alexandre entrou com um processo de tombamento na FJA, mas o governo já mandou engavetar.
Ontem, o governo e a prefeitura de São Paulo deram o bom exemplo: anunciou que não gastarão um centavo do dinheiro público com construção de estádios. A previsão, aqui em Natal, são de gastos acima de um bilhão de reais. Só a Arena, vai custar 500 milhões. Enquanto isso, a população de Natal agoniza nas macas nos corredores do Walfredo Gurgel, depois de ser assaltada constantemente por bandidos que, por sua vez, não têm escola como alternativa de vida.
O Hospital Infantil Varela Santiago está ameaçado de fechar, sobrevive à custa de doações e campanhas. Nossa carga tributária é uma das maiores do mundo.Tudo isso será uma grande roubalheira.
Uma vergonha! Como natalense e brasileiro, estou indignado.
JARDIM DE PEDRA
Rubens Lemos Filho
Para o grego Tamuz, a escrita é a única arma da memória. E ele fez a profecia três milênios antes de Jesus Cristo nascer, segundo os testemunhos. Três mil, mais 2010, são 5.010 anos de sapiência. Na cultura de qualquer lugar, o passado e os seus protagonistas são motivadores de perpetuação.
Em Natal, a mídia destacou, sob forte teor performático, o início das obras da Copa 2014 com a demolição da Creche Kátia Fagundes Garcia, no Centro Administrativo.
Quem foi Kátia Garcia? que entrou sem querer no jogo ainda não jogado, da construção do Estádio Arena das Dunas, onde serão disputadas as partidas aqui, garantidas por todos os entendidos de futebol e dos seus(interessantes) labirintos.
Os tratores postos no Centro Administrativo com a velocidade de um Neymar, podem ter passado por cima do cimento e da cal da creche. Sobre quem lhe deu o nome, num exercício cruelmente irônico, não será preciso.
Kátia Garcia, assassinada aos 42 anos em 1988, numa briga de trânsito, era uma economista sem a visão fria e impessoal dos números. Para ela, gente era gente. Pós-Graduada na Fundação Getúlio Vargas(SP) e com experiência no Banco Mundial, foi uma formuladora ousada.
Autora da idéia de se criar em Natal o Programa do Leite, lançado em 1986, no primeiro dia da administração do prefeito Garibaldi Alves Filho, de quem foi secretária de Planejamento. Leite, criança e creche, há coerência.
Mergulhou nas questões agrícolas, tendo ao lado o marido Roosevelt Garcia, um técnico tão competente que alia o conhecimento pragmático a um texto de qualidade superior. Dos dois, nasceu Renato Garcia, precocemente brilhante.
Kátia Garcia, filha do tabelião Armando Fagundes, lúcido aos 91 anos, comandando seu cartório próximo à Prefeitura de Natal. Com Armando e Renato, assisti a reinauguração da Creche Kátia Garcia, quatro anos atrás.
Natal precisa ser menos fria com os seus predecessores. Por trás de cada monumento, há um sentimento humano.
Uma terra de tanto sol e calor não pode, em nome do que seja, se transformar, de repente, em um Jardim de Pedras.
Do Blog de Leonardo Sodré: http://bit.ly/beKdXb
Do Jornal de Roberto Guedes
"O jornalista Eduardo Alexandre Garcia, autor do requerimento solicitando à Fundação José Augusto o tombamento do estádio municipal João Machado, que protocolou no último dia 28, está ultimando com advogados uma ação de obrigação de fazer contra o presidente do órgão, o engenheiro agrônomo, escritor, jornalista e poeta Crispiniano Neto".
. Comentário do advogado Kelps Lima no Facebook
"Sou a favor da construção de um novo estádio. O tempo para discutir o local já se venceu. Se abrirmos brecha para essa discussão poderemos perder a Copa. Seria uma perda incalculável para nossa cidade. De saída teríamos menos 2 bilhões para investimento até 2014".
De goela abaixo
Eduardo Alexandre
"O tempo para discutir o local já se venceu. Se abrirmos brecha para essa discussão poderemos perder a Copa."
Kelps Lima, no http://leonardosodre.blogspot.com/
Foi como apoplético que o natalense recebeu a notícia de que iria sub-sediar jogos da Copa 2014. Tudo chegou de repente e com essa chantagem: se vacilar em qualquer item que não concordem, perdem a oportunidade de Natal ter a Copa.
E a FIFA chegou com um projeto de Arena linda para Natal. E mais: todo o nosso parque público/administrativo estadual seria transformado em estadual e municipal com a construção de mega-edifícios nos mais modernos padrões arquitetônicos e de conforto e beleza. A cidade ganharia novas vias, a saúde melhoraria, a segurança seria assegurada, Natal nunca mais seria a mesma. Tudo uma maravilha!
Um técnico teria sobrevoado a cidade e escolhido: o lugar ideal é aquele! E apontou para a área onde temos os nossos Machadão, Machadinho, Centro Administrativo, creche e Papódromo, afora o sonho de um Observatório Espacial.
Prédios imensos para a burocracia estadual e municipal. Estádio e ginásio de encantar a vista de todos. E dinheiro fácil para se transformar Natal, de vez, na Natalópolis dos sonhos futuro-progressistas.
Uma só implicação: tudo o que há ali, teria de ir ao chão, ser demolido, para dar lugar ao mega projeto das mil e uma noites vindo dos States, tudo primeiro-mundistamente projetado. Uma beleza!
Quem era doido de não querer Natal na Copa Brazil/2014? Ninguém. Ninguém era doido de dizer que não queria estar na Natal da Copa 2014.
Era como se soltassem uma manada de meninos numa agigantada maquete erguida a chocolate. Todos se lambuzaram.
Um ou outro alérgico a chocolate tentava uma opção gustativa: será que não tem um pudim? Um bolinho de milho? Um alfinim?
No que era logo admoestado: Cala-te! Quiere que percamos todos a nossa gostosa comilança?
Discussão nenhuma houve sobre o assunto. Foi assim, veio assim e pronto. Era assim. Tinha de ser assim.
Discutir o quê, por quê? Havíamos ganho uma loteria mundial. O nosso sonho de terra do turismo finalmente decolaria ao cosmos. Seríamos a Natal Intergalática! Maravilhosa e leal.
Uma só implicação: destruir todo aquele patrimônio já incorporado à paisagem da cidade.
Noutro local não poderia ser. Não seríamos loucos de contrariar os homens da FIFA que nos chantageavam com argumentação tão convincente, com projeto tão belo e de tão fácil consecução: assinar uns papeizinhos de compromisso e dizer que sim, pode botar tudo abaixo que tem nada, não: vocês vão mesmo contruir tudo em dobro e em triplo depois... Pois, sim.
Não vou aqui discutir a chantagem do argumento de Kelps; não o valor do patrimônio; não o valor cifrado em $s como os de suas palavras; nem o valor histórico de um patrimônio já incorporado à imagem própria da cidade, com seu valor arquitetônico único, com seu apelo histórico/sentimental.
Dizer que a cidade discutiu o assunto é falaciar o debate. É usar de um argumento de chantagem já usada para tentar fazer calar os que se opõem à isana tentativa de destruição de um bem público, de todos, como dita e grifa a propaganda governamental.
O projeto virtual que chegou a todos com obrigação de acatamento, chegou como comida de peru de Natal, de goela abaixo, empurrada e, para o peru, com fim trágico, o que espero não aconteça a nossa história.
Triste Deputado conclama o povo para destruir um bem público
Parnamirim Notícias (capa), 31 de maio de 2010
Cena Urbana
Vicente Serejo
01 de junho de 2010
Tombar
O jornalista Eduardo Alexandre ao protocolar o pedido de tombamento do Machadão e do Machadinho acabou assumindo o único gesto capaz de gerar um grande impasse para o governo.
Saída
O governo ficou sem saída: se instaurar o pedido de tombamento suspende as obras até julgar o pedido; se não proceder como seria normal desconhece o direito que a lei permite aos cidadãos.
Efeito
O poder de instaurar ou não instaurar o processo de tombamento é privativo da Fundação José Augusto que teria sido alertada para não fazê-lo. E o caso pode acabar sendo decidido na justiça.
Machadão, o "poema de concreto armado", aniversaria 38 Anos
O aniversariante do dia é o Estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado, mais conhecido como Machadão.
Completa 38 anos de existência.
Esse poderá ser o último aniversário do Machadão, que está seriamente ameaçado de ser demolido para a construção do Estádio Arena das Dunas, que sediará alguns jogos da Copa do Mundo de 2014.
O Machadão foi inaugurado no dia 4 de junho de 2972, quando era governador Cortez Pereira e prefeito de Natal Jorge Ivan Cascudo Rodrigues.
Projetado pelo arquiteto Moacyr Gomes da Costa, o Machadão é considerado um dos mais belos estádios do Brasil.
É tanto que foi chamado de “um poema de concreto armado” pelo comentarista esportivo e ex-técnico da selebração brasileira João Saldanha.
Inicialmente foi batizado com o nome de Estádio Humberto de Alencar Castelo Branco e conhecido simplesmente como Castelão.
Somente em 1989 teve seu nome alterado para Estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado, passando a ser chamado de Machadão, em homenagem ao ex-presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol.
Embora esteja marcado para ser demolido pelos “inteligentes” do Governo do Estado e da Prefeitura de Natal, o Machadão vem tendo sua permanência defendida por um grupo de pessoas que resiste à idéia de transformar o nosso “poema de concreto” em pó.
Parabéns ao Machadão e a todos os que são contrários a sua demolição.
Eu também sou contra à derrubada do Machadão por considerar um crime contra o patrimônio público, cultural e arquitetônico do Rio Grande do Norte.
Postado por: AQUINO NETO horário: 10:6
O Machadão vive os seus últimos dias. Coitado do RN
Paulo Tarcísio Cavalcanti
Todo mundo sabe que para uma cidade ser escolhida sede de qualquer coisa tem que pagar um preço. Quanto mais para sediar uma competição consagrada como é uma Copa do Mundo de Futebol.
Isso é verdade e ninguém discute. Agora, além de pagar esse preço, ainda ser obrigada (e aceitar) a se desfazer de uma parte do pouco que conseguiu construir ao longo de sua história é outra coisa: Ou burrice ou irresponsabilidade.
É incrível e suspeita a postura das autoridades do Governo do RN e da Prefeitura de Natal em dois momentos desse debate: Primeiro, quando escondem do CREA-RN o projeto do estádio que prometem construir; e, segundo, quando tentam justificar o seu instinto demolidor, assegurando que sem a demolição do Machadão, "adeus" Copa de 2014.
Postura incrível e suspeita, mas, pelo menos pra mim, não surpreendente. Infelizmente, quando se trata da gerência da coisa pública, os nossos representantes não estão nem aí pra saber quanto custa, nem quanto tempo levará para ser feito.
O incrível é constatar e testemunhar o surgimento de vozes, respeitáveis e conceituadas, vindo a público defender a teoria do fato consumado, sob a alegação de que o tempo do debate já passou.
Com relação à demolição do Machadão, colocando de lado o zelo (pra mim obrigatório) pelo patrimônio público, eu até admitiria aceita-la se comprovada, efetivamente, a sua necessidade, mas só depois que o outro estádio estiver pronto.
Pois, além de criminosa, sob o ponto de vista da destruição de um patrimônio público, considero a demolição uma temeridade, uma vez que a construção do novo estádio, que já vai começar atrasada, não tem nenhuma garantia de que será concluída e, principalmente, em tempo de sediar os jogos.
Temeridade por que? Temeridade porque, até hoje, na história do Rio Grande do Norte não houve uma única obra, por menor que seja, que tenha terminado no tempo inicialmente previsto.
Eu tenho dezenas de pequenos exemplos: A ponte, o aeroporto de São Gonçalo, as quatro UPAS que prometeram colocar em funcionamento em Natal até agosto do ano passado, etc. Mas, vou citar só um: minúsculo, em comparação com a grandiosidade da chamada "Arena das Dunas".
No ano passado, a Prefeitura de Natal fechou para reformas o Centro Odontológico Morton Mariz prometendo reabri-lo em dois ou três meses. Está completando um ano e nada.
Carlos Eduardo: “sou contra a demolição do Machadão”
Ex-prefeito lembrou que foi em sua gestão que Natal se lançou candidata à cidade-sede para Copa 2014 e que projeto inicial previa readequação do estádio.
Por Thyago Macedo
Vlademir Alexandre
O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo, comentou que foi durante a sua gestão que Natal se lançou como candidata a cidade-sede para a Copa 2014. Ele destacou ainda que é contra a derrubada do Machadão e que projeto inicial previa a readequação do estádio.
“Eu mesmo estive na CBF e questionei se era válido um projeto de reestruturação de um estádio para a Copa e eles me deram vários exemplos que sim. Com isso, conversei com o arquiteto Moacir Gomes, criador do Machadão, e pedi que ele apresentasse o projeto de reforma”, destaca.
Carlos Eduardo citou, inclusive, uma viagem que fez a Barcelona, onde conheceu o estádio reformado que recebeu a final da Copa de 1986. “Eu conheci aquele projeto muito bonito, localizado no meio da cidade, e fiquei com ele na cabeça”.
A partir daí, o ex-prefeito destaca que o arquiteto Moacir Gomes apresentou o novo projeto para o Machadão e o levou até a Confederação Brasileira de Futebol.
“Eles aceitaram o projeto e disseram que Natal estaria na briga. Contudo, quando foi agora em janeiro e fevereiro apareceram com esse projeto Arena das Dunas, que para mim não ficou claro de como será. Portanto, eu sou contra a demolição do Machadão”, ressalta.
Publicada em: 12/02/2010
Os elefantes brancos
Ailton Salviano, concluinte de Jornalismo (UFRN)
Para quem defende ardorosamente a demolição do Machadão e a construção em seu lugar da Arena das Dunas, é recomendável tirar lições do que acontece com os estádios de futebol construídos em Portugal para sediar a Eurocopa de 2004. Os cinco estádios públicos edificados(o Machadão não será construído, e sim demolido para ser edificado outro... Já seria um elefante branco?) para aquela competição transformaram-se em crônicos problemas financeiros para os seus gestores. Os gastos com suas manutenções tornaram-se tão elevados ( o custo de manutenção do novo estádio será menor, pois o concreto do ATUAL Machadão está em constante processo de corrosão) que surgiu a absurda idéia de suas demolições.
A euforia portuguesa de sediar a Eurocopa atropelou a exigência de projetos que contemplassem a manutenção dos estádios pós-competição. O orgulho lusitano e o desejo de tornar-se campeão europeu de seleções conceberam o problema. A seleção portuguesa, treinada por Felipão, perdeu o título na final para o time grego e hoje, o que se percebe são prefeituras endividadas e obrigadas a manter verdadeiros elefantes brancos sem qualquer utilidade.
Entre amortizações de empréstimos e gastos com manutenções dos estádios, as limitadas prefeituras de cidades portuguesas desembolsam grandes fortunas anualmente. Segundo reportagem do jornalista Hugo Daniel Sousa veiculada neste domingo, 7 de fevereiro de 2010, as seis prefeituras que construíram estádios gastam anualmente 19,9 milhões de euros e com uma forte tendência de aumentar por conta do aumento das taxas de juros.
Os problemas com esses estádios portugueses são os mais diversos. Na cidade de Leiria, por exemplo, lamenta-se que a obra foi construída numa área nobre da cidade (semelhante à Natal !sic!!!?) (o Machadão não será construído, e sim demolido para ser edificado outro ele já está localizado numa área nobre) ocupando um terreno que não dá mais espaço para outras benfeitorias urbanas. Noutro extremo, as populações de Aveiro e Braga reclamam porque os estádios foram erguidos fora do perímetro urbano da cidade. Enquanto moradores do Algarve lastimam não ter nenhuma equipe na Primeira Divisão (também nosso caso).
Não adianta dizer que aqui em Natal, o futuro estádio será passado para a iniciativa privada. Isto é simplesmente transferir o problema. Com os nossos times disputando os últimos lugares na "série B" do campeonato brasileiro, vai ser difícil atrair torcedores para grandes jogos. Os otimistas hão de dizer: o estádio poderá ser utilizado para shows musicais. Boa saída, mas será que a economia da cidade suporta esses shows semanalmente?
A China, sede dos Jogos Olímpicos de 2008, está conseguindo manter o seu formoso estádio, popularmente conhecido como o "Ninho de Pássaro", onde foram gastos 500 milhões de dólares, cobrando a visita diária aos turistas. Todos querem ver a pista onde o corredor jamaicano Usain Bolt bateu dois recordes mundiais. Curiosidade esta que poderá desaparecer após a próxima olimpíada.
Na Inglaterra, atualmente sede do futebol mais caro do mundo, a empresa Wembley National Stadium Ltd. sofre para manter o novo Estádio de Wembley. Obrigada a desembolsar anualmente 30 milhões de euros somente em juros, a gestora de Wembley tem apelado para os grandes jogos de qualificação do English Team e outros eventos como partidas de futebol americano e concertos de famosas bandas internacionais.
Um consenso internacional está se formando com base na afirmação de Zhang Hengli, vice-gerente do consórcio, responsável pela administração do Ninho de Pássaro chinês: "A maioria dos estádios do mundo administrados com métodos normais não consegue dar lucro". Daí a expressão "Elefante Branco", algo grande, bonito mas, sem utilidade e que só dá despesa!
09JUN
Deputado defende reforma do Machadão para evitar desperdício de R$ 18 milhões
Crédito: Eduardo Felipe
Legenda: Álvaro Dias: "O mais racional seria a adaptação do Machadão. Não vejo necessidade de demolição"
Joaquim Pinheiro - Repórter de Política
A demolição do Estádio Machadão, Ginásio Machadinho, Centro Administrativo e Papódromo para dar lugar ao Complexo Esportivo "Arena das Dunas" para sediar em Natal a Copa do Mundo de 2014 está suscitando discussões contraditórias e dividindo a classe política. Vários parlamentares norte-rio-grandenses declararam-se favoráveis a realização do maior evento esportivo do mundo em Natal, mas discordam da demolição do estádio. O deputado Àlvaro Dias, líder do PDT no Estado e ex-presidente da Assembleia Legislativa disse na manhã de hoje não entender como é que queiram demolir uma obra nas dimensões do Machadão depois de realizar uma reforma onde foram gastos R$ 18 milhões. Ele lembra também, a própria reforma da sede da governadoria concluída recentemente e que custou mais de R$ 1 milhão.
No entendimento do deputado Álvaro Dias, o Estádio Machadão devia ser reformado e adaptado para sediar os jogos da Copa do Mundo. "Não vejo necessidade de demolição. Acredito que o mais racional seria a elaboração de um projeto de adaptação e modernização do estádio para evitar que se perca tantos recursos públicos empregados naquela monumental obra", disse Álvaro Dias, lembrando que o dinheiro que será gasto no novo projeto deveria ser destinado para setores como saúde, educação e segurança, por exemplo.
Quem também se pronunciou contra a demolição do Machadão foi o deputado Getúlio Rêgo. Ele disse não entender a decisão e questiona o desperdício de dinheiro com o trabalho de remoção dos entulhos "Os gastos para isso serão vultosos", afirmou o deputado do DEM, mostrando-se favorável a realização dos jogos em Natal, e a construção do complexo esportivo em outro local.
Matéria de o Novo Jornal, 01/06/2010
O DUNGA QUE NÃO APITA
/PEDIDO/ POETA E JORNALISTA EDUARDO ALEXANDRE DE AMORIM GARCIA, O DUNGA, PEDIU O TOMBAMENTO DO MACHADÃO E DO MACHADINHO, MAS O DOCUMENTO AINDA NÃO SAIU DA MESA DO PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, CRISPINIANO NETO
O PRESIDENTE DA Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, não quer ser responsabilizado pela inviabilização da Copa do Mundo de 2014 em Natal. A declaração foi dada depois de questionado sobre o pedido de tombamento do estádio Machadão e do ginásio Machadinho protocolado sexta-feira passada pelo poeta e jornalista, Eduardo Alexandre de Amorim Garcia, o Dunga.
Embora o pedido assinado pelo protocolista Cícero Duarte Costa não tenha chegado à mesa dele até o final do expediente de ontem, o titular da FJA informou que vai analisar os argumentos que reivindicam o tombamento. Mas deixou claro que o compromisso assumido pelo Governo do Estado junto à FIFA para a realização do Mundial na área onde hoje está o Machadão vai pesar na decisão. "É claro que vai pesar! Por que só depois que o Estado assume o compromisso é que alguém resolve tombar o Machadão? A FIFA aprovou a Copa, a CBF aprovou a Copa, o Governo aprovou a Copa, a Assembleia Legislativa liberou dinheiro para a Copa e agora querem que eu a inviabize? Mas isso é só para dizer depois no Beco da Lama que a Copa só não aconteceu aqui em Natal por minha causa", desabafou o presidente da FJA em referência à região boêmia da Cidade Alta freqüentada principalmente por poetas, artistas, jornalistas, produtores culturais e autônomos.
Crispiniano disse que assim que o pedido chegar ao gabinete da FJA, vai analisá-lo. No entanto, ele descartou que hoje haja novidades por conta de uma reunião que terá com o governador lberê Ferreira de Souza. Durante a análise do pedido de tombamento, vai conversar com o secretário especial da Copa, Fernando Fernandes, e com pessoas ligadas ao futebol antes de tomar a decisão de encaminhar o processo para a Secretaria Estadual de Educação que, no final, é quem autorizará, ou não, o tombamento. Ele compara a história do Machadão e do Machadinho com a importância histórica da Copa do Mundo para Natal. Àquele espaço está comprometido oficialmente com um evento mundial, por isso acho estranho esse pedido. É um evento histórico também. Eu sempre falo aqui: se você quer fazer um pedido de tombamento, entre com o pedido. Mas o pessoal deixa para fazer em cima da hora. Se o estádio é um fato histórico, existe um fato histórico naquele compromisso. Vamos analisar do ponto de vista arquitetônico, do ponto de vista da viabilização da Copa em Natal também", afirmou.
Antes de ser encaminhado, por último, para a Secretaria de Educação, o corpo técnico do Centro de Documentação da FJA deve analisar o pedido. A equipe do Cedoc é coordenada pelo ditetor do órgão, João Natal, que retorna de férias hoje. Ele acredita que o documento chegue ainda esta semana ao setor, mas lembrou que um tombamento leve ser feito com critérios. "O tombamento não pode ser banaizado. Não se pode simplesmente 'tombar para não cair", disse.
Na mesma linha do presidente daFJA, o diretor do Cedoc também defende que o procedimento não pode ser analisado de forma isolada. "(Um tombamento como esse) depende das implicações, que tem um parecer anterior a isso. Até porque é uma coisa do Governo do Estado. Tudo tem importância e não pode ser analisado isoladamente. Mas tudo deve ser analisado”, disse.
TRAMITAÇÃO
O poeta e jornalista Eduardo Alexandre Amorim Garcia, o Dunga, teme que a Fundação José Augusto não faça o processo correr pelo interesse do Governo do Estado em derrubar o Machadão para construir o estádio Arena das Dunas, orçado em R$ 400 milhões. Mas acredita que, por conta da legislação estadual, o presidente da FJA, Crispiniano Neto, tenha obrigação de enviar o documento para a secretaria estadual de Educação. "Se não houver nenhuma sacanagem por parte da Fundação, vai correr. Eu temo que haja alguma coisa. Não vou dizer que é uma questão pessoal, mas em relação ao interesse na derrubada do estádio. Pode ser que a Fundação dê uma escanteada. Mas se isso acontecer pode ser responsabilizado pelo Ministério Público”, afirmou.
Dunga afirmou que não entende o motivo pelo qual a Arena das Dunas tem que ser construída no lugar do Machadão, e não em outro local. E faz uma comparação. “Será que Natal permitiria que se destruísse a igreja do Galo para construir uma mais moderna? A modernidade é a preservação da história", disse.
Na descrição do tombamento, entregue semana passada e que possui oito linhas, Dunga destaca a importância do Machadão e do Machadinho para a cultura e a história da cidade.
O NOVO JORNAL procurou a assessoria de imprensa da Secretaria Especial da Copa (Secopa) para ouvir o titular Fernando Femandes sobre a polêmica, mas ninguém retomou até o fechamento desta edição.
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Matéria de o Novo Jornal, 29/05/2010 Clique sobre o recorte para ampliar
Beco da Lama, o maior
do mundo,
tão grande que parece mais uma
rua...
Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.