domingo, 20 de setembro de 2009

Nauta da Confiança

Naveguei muitas léguas pela vida

Nos abrolhos, procelas e tormentas;

Enfrentei tempestades violentas,

Cortei ondas de força enfurecida.

Sobre os mares subi e vi descida

Das marés dos seres sem valores

Os desertos de almas sem amores

Corações naufragando nos rochedos

Navegantes perdendo seus enredos

Nas correntes de vidas sem fulgores.

Meu sutil coração, barco com vela,

Conduzido no mar da consciência

Leva a vida sem torpe incoerência

E não teme a censura da procela.

Minha vida que sempre foi singela;

Seu passado tem águas cristalinas,

Não se oculta nas sórdidas neblinas

Vive livre nos mares do presente

Tem na quilha um coração que sente

E no mastro a grandeza das colinas.

Não sou puro, sou nauta com defeito,

Que resiste as procelas e abrolhos,

Mesmo tendo as marés sobre os olhos

E os arpões penetrando no meu peito.

Todo o mal que talvez eu tenha feito

Foi tentar ser um porto sem segredos

Entregar para o mundo meus enredos

Sem temer a voraz desconfiança

Das procelas que chegam com pujança

Sufocando a aragem dos sonhos ledos.

Mesmo assim, continuo navegando,

Ofertando o meu barco coração

Sem temer as procelas da prisão

Nem marés que estão me condenando.

Sou um nauta que vive acreditando

Na verdade, na vida, na esperança;

Nos fulgores que tem a confiança...

Velhos portos sem medos do passado,

Livres velas do porvir imaculado

Conduzindo o presente numa dança.

Gilmar Leite

Um comentário:

  1. Valeu amigo pela nobre divulgação dos meus singelos decassílabos. Um forte abraço, rimado e metrificado.

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