Naveguei muitas léguas pela vida
Nos abrolhos, procelas e tormentas;
Enfrentei tempestades violentas,
Cortei ondas de força enfurecida.
Sobre os mares subi e vi descida
Das marés dos seres sem valores
Os desertos de almas sem amores
Corações naufragando nos rochedos
Navegantes perdendo seus enredos
Nas correntes de vidas sem fulgores.
Meu sutil coração, barco com vela,
Conduzido no mar da consciência
Leva a vida sem torpe incoerência
E não teme a censura da procela.
Minha vida que sempre foi singela;
Seu passado tem águas cristalinas,
Não se oculta nas sórdidas neblinas
Vive livre nos mares do presente
Tem na quilha um coração que sente
E no mastro a grandeza das colinas.
Não sou puro, sou nauta com defeito,
Que resiste as procelas e abrolhos,
Mesmo tendo as marés sobre os olhos
E os arpões penetrando no meu peito.
Todo o mal que talvez eu tenha feito
Foi tentar ser um porto sem segredos
Entregar para o mundo meus enredos
Sem temer a voraz desconfiança
Das procelas que chegam com pujança
Sufocando a aragem dos sonhos ledos.
Mesmo assim, continuo navegando,
Ofertando o meu barco coração
Sem temer as procelas da prisão
Nem marés que estão me condenando.
Sou um nauta que vive acreditando
Na verdade, na vida, na esperança;
Nos fulgores que tem a confiança...
Velhos portos sem medos do passado,
Livres velas do porvir imaculado
Conduzindo o presente numa dança.
Gilmar Leite
Valeu amigo pela nobre divulgação dos meus singelos decassílabos. Um forte abraço, rimado e metrificado.
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