segunda-feira, 21 de setembro de 2009

GALOPE

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CANTANDO GALOPE

NA BÊRA DO MÁ...

Literatura de Cordel

Autor: Bob Motta

NATAL-RN

2 0 0 7

Quem num me cunhece, vô me apresentando,

eu sô Bob Motta, já num sô tão nôvo,

no verso divurgo uis custume do povo,

in pró da curtura, eu vivo lutando.

Ais “n” barrêra, qui eu vivo incontrando,

dirrubo ô dróbo, prumode passá.

Cumo referença, prá me apresentá,

tenho uma relíquia séivindo de iscudo,

um véio biête do Mestre Cascudo,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Na minha memóra, a munganga s’isconde,

muntas gargaiáda restaro de saldo.

Morando no mêi da Ladêra do Baldo,

passava sabão nuis trio duis bonde.

Lá dento de mim, a sodade arresponde,

e ais vêiz me bota inté prá chorá.

E tem muntas vêiz, qui ao passá pru lá,

a tá da emoção, me pega de jeito,

pinota p’ruis zóio, de dento do peito,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Dais Roca me alembro cum munta sodade,

jogando salão na quadra de cimento.

No Possante, Piaba; no Íbis, Nascimento,

o jove alí tinha totá liberdade.

Eu ia de ôimbo de lá da cidade,

batê a pelada num só de rachá.

Dispôi da pelada, nóis ia lanchá,

de lado da quadra, numa barraquinha,

ginga e tapióca, c’uma raspadinha,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Assim arrelembro minha mocidade,

meu tempo gostoso qui num vorta mais,

brincando à vontade e surrindo na paiz,

puros cabaré da minha cidade.

In Maria Boa, qui felicidade!

Na véia Ribêra era ispetaculá.

Na Rua São Pêdo, me vejo ao lembrá,

Nazareno e Duruca saindo dalí,

mais Víule bebendo e pescando sirí,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Uma vêiz biritando bem pertíin de casa,

c’uma ruma de amigo eu fui passiá.

Fumo prá Ribêra se deliciá,

cum uma corage de quem pega in brasa.

Findemo a farra na Buate Praza,

tombém cunhincida cumo Woder Bá.

Eu besta, já bêbo, inventei de apostá,

perdi e paguei, quage murrí de fríi,

pulei lá do aipende nais água do ríi,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

No premêro dia qui eu te avistei,

te ôiei, tu me ôiô, fiquei incantado,

disviei a vista mêi incabulado,

porém do teu vurto, eu num disgrudei.

Pru riba da rôpa, alí caiculei,

teu côipo intêríin qui eu quiria apaipá.

Cumo num pudia, alí te agarrá,

peguei a caneta e meu caderníin,

fiz essas istrofe cum munto caríin,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Na bêra da praia fiquei maginando,

você totaimente sem rôpa, dispida,

e eu lhe amassando tão feliz da vida,

no quebrá dais ôindia, drumí e fui sonhando.

Vi você acesa, prá eu se amostrando,

se oferecendo prumode eu lhe amá.

Minha bôca safada foi logo isplorá,

você, meu poema de carne e de osso,

disfruitei no sonho, de tu, meu colosso,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Eu tô cum sodade da tua presença,

e do tom macíi qui tem tua vóiz.

Quero tá de novo, cuntigo a sóis,

a farta qui eu sinto de tu é imensa.

Tais na minha mente, de fóima intensa,

cuntigo e teu côipo, eu vivo a sonhá.

Nêsse meu galope, eu torno a afirmá:

Você é gostosa, é muié nota dez,

no verso lhe digo, prá mim o qui éis,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Você é simpática, você é bunita,

você num é gorda, você é fôfinha,

você é princesa, você é rainha,

esteja vistida de seda ô de xita.

Se um poema safado, acauso te excita,

eu feliz da vida, quero decramá.

Além de cum verso, lhe arrupiá,

lhe afago, lhe bêjo, lhe cubro de abraço,

de prazê lhe boto lá in riba, no espaço,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Sonhei navegando cuntigo querida,

meus lábio in teus pêlo, feliz passiando,

e sem sutileza, c’as mão te apaipando,

e tu suspirando, sem rôpa, istindida.

Ora na subida, ora na descida,

bejava e lambia você divagá.

C’á respiração a se acelerá,

você ixprudia num gôzo profundo,

e eu era o hôme mais feliz do mundo,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

A istrada da vida, prá mim num é reta,

á cheia de cúiva, num é asfartada,

meu carro de amô, ainda in disparada,

prá vê se dá tempo aicançá minha meta.

Purisso qui o véi coração do poeta,

chêíin de remendo, num dêxa de amá.

Teu bêjo muiádo me ajuda a rodá,

no carro, tuas coxa me aperta num abraço,

prá tu me declaro nuis verso qui faço,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

Só quero morrê, dispôi de véíin,

dispôi de passá cum munta decença,

p’ruis cabra mais jove, minha ixperiença,

brincando cum uis neto, já duis meu netíin.

Céicado de todos, de amô e caríin,

prá minha partida, pronto, quero tá.

Qui Deus só premita, a mim viajá,

dispôi qui eu tivé cumprido a missão,

cagando na sala, amassando c’ás mão,

CANTANDO GALOPE NA BÊRA DO MÁ.

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