quinta-feira, 5 de maio de 2011
Submissão ao império da bola
ESTÁDIO DO OPRÓBRIO
Moacyr Gomes da Costa
Estimulado pelo lúcido artigo de Vicente Serejo de ontem em Cena Urbana, sob o titulo de “Estádio delirante”, me permito mandar para ele e para o não menos brilhante Alex Medeiros, meu aplauso de cidadão por suas posições corajosas e competentes, alertando a sociedade sobre esse “Cavalo de Tróia” que querem nos impingir em nome de uma Copa muito “nebulosa”, vendida à massa como redenção de nosso estado crônico de pobreza e abandono por meio de um gigantesco e dispendioso processo de propaganda enganosa, só visto no Terceiro Reich.
Vi, estarrecido e envergonhado na TV Assembléia a ópera-bufa da aprovação da lei dos “royalties”, sentindo o opróbrio a que estamos submetidos pela subserviência de políticos mal escolhidos pelo povo, jogando nossa soberania no lixo, agachados, como meros representantes de uma colônia ou um protetorado qualquer, submisso ao poderio do gigantesco império da bola. Quem ousa desafiá-lo?
Vi quase todos “amarelados”, arranjando toda sorte de desculpas esfarrapadas para sair bem na foto, uns dizendo que “seus Senhores” da FIFA exigiam a aprovação da matéria em regime de urgência, outros alegavam que apesar da precipitação, iriam exercer rigorosa fiscalização na execução das obras, pura gozação, a maioria afirmando que o milagre vai ser a salvação da pátria, outros, chegaram a admitir que poderiam ter discutido melhor o assunto, que poderiam ter barateado os custos do delírio, mas agora é tarde, os patrões não esperam mais.
Afinal, quem paga os salários dos governantes, secretários, deputados, vereadores, senadores e penduricalhos, é o povo do Rio Grande do Norte ou a FIFA?
Não cabe na cabeça de ninguém, que, um Governo que reconhece sua quebradeira, e a situação de indigência de seu povo, tenha o desplante de investir R$ 1,28 bilhões para arriscar uma loteria de R$ 3 bilhões , que ninguém sabe se vem mesmo, ou, se é a fundo perdido ou se é dado de presente, ou ainda se os promitentes são confiáveis. Se exterminarem o patrimônio e o dinheiro não vier, alguém vai ser punido ? E, o povo vai pagar sem conhecer os projetos?
Eu já disse, e vou repetir, esses R$ 70 milhões dos “royalties”, não garantem um debito de mais de um bilhão, é um disfarce, ou chupeta para enganar criança. O filé do negócio é o fundo garantidor dos terrenos, e, concluindo, repito, vamos findar, sem estádio, sem ginásio, sem arena, sem copa e com um débito impagável. Um deputado chegou até a exigir o calendário de pagamento dos funcionários, prevendo o que poderá acontecer com a Folha.
O povo indiferente, inerte ou anestesiado, os gestores coniventes, só resta esperar pelo MP, ou, só Deus poderá nos livrar desse terremoto.
25/03/2011
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