quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Foi fantástico o dia da chegada do Hope a Natal

Eduardo Alexandre

Narrativa de Márcia Maria Moreno
Dedicada a seu pai, Geraldo Belo Moreno


Foi fantástico o dia da chegada do Hope a Natal.
Os técnicos diziam que a dragagem que fora feita no rio ainda não permitia a entrada de navio com o calado do navio-hospital que chegava para um período de importante desenvolvimento de trabalhos médicos em Natal.
Da orla, o povo via aquele imenso e belo navio branco no mar, e aguardava com ansiedade sua atracagem no porto do Potengi.
Teria que driblar a Bicuda - a pedra temida pelos comandantes - e os bancos de areia, nos quais, diziam os técnicos, o navio encalharia.
Paizinho saiu de casa naquele dia dizendo que o navio entraria, sim, e sem qualquer problema chegaria à plataforma de atracagem.
Os técnicos estavam resolutos: seriam necessários mais alguns dias de trabalho de dragagem para que o navio entrasse com segurança.
Mas Paizinho estava firme. Dizia que traria o navio ao porto, se lhe permitissem comandar a operação de entrada. Conhecia o leito do rio.
Os técnicos insistiam na impossibilidade e Paizinho insistia que a dragagem realizada permitiria o sucesso da operação.
A ansiedade de ter o navio no porto era tanta em toda a cidade, no porto, nas salas e ante-salas das Docas, nas redações dos jornais, nos hospitais, na Universidade, nas pessoas que precisavam de cura, e Paizinho falava com tanta convicção, que concordaram, enfim, em lhe dar o comando do Prático que guiaria o navio Potengi a dentro.
Foi emocionante aquele dia.
Paizinho na proa daquela pequena embarcação vermelha, dizendo, gesticulando, apontando: É por aqui. O caminho é este.
Atrás, aquele imenso navio branco, o navio Esperança, seguia a rota apontada pelo meu Paizinho.
Eu nunca vou esquecer esse dia: Paizinho, em pé, no velho Prático, vencendo o desafio que todos os especialistas em navegação diziam impossível. Foi fantástico.
Foi uma das maiores emoções de minha vida, o dia em que Paizinho trouxe o Esperança ao porto de Natal.
Se tivesse falhado, teria sido um desastre em nossas vidas.

Um comentário:

  1. Hoppe ( Esperança ) eu não esperava, mas ele veio. Ele, Alfred Phillips,sim ele que um mês depois de atracar o porto de Natal,se tornou o meu esposo.desse casamento tenho uma filha,que por sinal, escolheu a faculdade de enfermagem, em homenagem a tia, e ao pai. Hoje o Fred,mora com Deus. Mas a saudade dele, e de todos que fizeram essa história, fica pra eternidade. Pois mesmo que surja um outro navio SS HOPE,com certeza não trará outro Fred Phillips

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