quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Dunga: O Bamba do Beco


Por Alex Gurgel
Foto: Marco Polo

Jornalista, poeta, artista plástico e agitador cultural, Eduardo Alexandre (também conhecido como Dunga) é um eterno apaixonado pelo Beco da Lama, reduto etílico da boemia natalense. Sempre pensando em desenvolver trabalhos culturais no Centro Histórico, Dunga está em constante ebulição cultural com novas idéias e muita vontade para trabalhar em favor da revitalização do próprio Beco da Lama.

Dunga foi presidente da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (Samba) por três anos, cuja administração chamou a atenção da sociedade tupiniquim com sua irreverência quando realizou festas como Carnabeco (durante o sábado de Carnatal), Cabaré Night Beco, Réveillon do Beco, a Lavagem do Beco, entre outros eventos, além do lançamento do jornal O Beco.

Depois de ter perdidos as eleições da Samba para o publicitário Lula Augusto, no início do ano, e sentindo-se descontente com a atual administração da entidade, Dunga e alguns amigos resolveram cria a BAMBA (Boêmios Amigos do Beco da Lama e Adjacências) numa clara dissidência à Samba. A solenidade de criação da Bamba será no próximo sábado, dia 28 de novembro, em pleno Beco da Lama.

Nessa entrevista exclusiva ao Grande Ponto, Dunga abre o verbo e explica as razões que o levaram a criar a Bamba.

GP - O que é a Bamba?
Dunga - A Bamba são os Boêmios Amigos do Beco da Lama e Adjacências.

GP - Quais os objetivos da Bamba?
Dunga - A Bamba visa em primeiro lugar a preservação e a recuperação da memória arquitetônica e cultural do Centro Histórico de Natal. Mas também se preocupará com o dia-a-dia do Beco da Lama e de suas adjacências no que concerne a animação, frequência, segurança, aspectos sociais e também financeiros. Quem leva uma empresa para o Centro Histórico, não a leva por amar o espaço tão somente. Essa pessoa quer ver crescer os seus negócios e é importante que estejamos antenados para ajudar a que todos estejam satisfeitos em suas atividades enquanto agentes mantenedores do Centro Histórico vivo. Para isso, precisamos estar sintonizados e em parceria com entidades do comércio e Sebrae.

GP - A criação da Bamba é um revanchismo por você ter perdido as eleições da Samba?
Dunga - Não, não é. É por terem persistido erros de visão e de gestão que não permitiram a realização de um trabalho mais positivo de proteção ao Centro Histórico. Houve casos de diretores eleitos que me procuraram dizendo-se insatisfeitos diante de atitudes e caminhos com os quais discordam; prestações de contas, que não ocorrem; realizações que são desestimulados; entre outros entraves. Ou seja, muitos deixaram de acreditar que a Samba, seguindo o caminho que está seguindo, consiga dar conta da responsabilidade que temos diante de nós, que é receber as reformas que o Centro Histórico está para receber daqui para 2014, quando será realizada a Copa. Para se ter uma idéia, várias reuniões nesse sentido já foram realizadas, com presenças de Iphan, Funcarte, FJA, Semurb, Banco do Nordeste e outras instituições que estarão envolvidas nesse projeto, e nunca um representante da Samba esteve presente.
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GP - A Bamba foi criada para preencher uma lacuna cultural no Beco da Lama?
Dunga - Uma entidade de defesa do Centro, como bem diz Plínio Sanderson, não pode se resumir a musicais. Ela tem que estar presente no cotidiano do espaço que pretende atuar. Para se ter uma idéia, nenhum bar ou restaurante do dito Beco da Lama propriamente dito participou do Festival Gastronômico Pratodomundo. A insatisfação é grande. A arte do cartaz desse evento era de Assis Marinho, figura que está presente todos os dias naquelas adjacências. Ele sequer foi consultado se podiam usar o seu trabalho para a confecção do cartaz. Muito menos foi pago pelo uso. Quer dizer, também falta zelo com o humano e este deve ser o principal foco de quem pretende revitalizar qualquer espaço: o homem sempre deve estar em primeiro plano em tudo. Cultura, no Beco, aquela que mexia com a cidade, brincava com ela, fazia ferver o dia-a-dia daquele chão, esta está escassa e precisa ser recuperada antes que o trabalho feito para a desestigmatização do Beco da Lama não tenha sido em vão.
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GP- De que forma a Bamba vai contribuir para a revitalização do Centro Histórico de Natal?
Dunga - Retomando lutas iniciadas e depois abandonadas; buscando ouvir quem faz o cotidiano do Beco para saber dos seus problemas; participando ativamente do trabalho de revitalização que já está iniciado e que em breve se concretizará com obras; e desenvolver atividades que precisam ser acompanhadas e ter nossa participação enquanto agentes diretamente envolvidos na e com a comunidade.

GP - Você está convocando as pessoas para assinar o livro e se filiar à Bamba. Qual o procedimento?
Dunga - Nesse 28 de novembro, faremos nossa Assembléia de Fundação. Redigida a Ata de Fundação e eleita uma diretoria provisória, o Livro tomará assinaturas dos que desejarem participar da entidade como sócios fundadores. O passo seguinte caberá a essa diretoria provisória, que ficará incumbida de preparar uma minuta de Estatutos e convocar uma assembléia para a aprovação dos mesmos.

GP - É só assinar o livro e pronto, já se torna um sócio?
Dunga - Como ficarão os critérios para novas filiações, só os Estatutos a serem aprovados dirão.
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GP - Haverá Estatuto? Eleição?
Dunga - Sim. Tudo como manda o figurino democrático de uma entidade minimamente sadia.

GP - Quem vai formar a primeira fase da Direção Executiva?
Dunga - A diretoria provisória a ser empossada no Gardênia's Day será escolhida no próprio dia.

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