BaldoO Jornal de Hoje18/19/06/05Esse causo de hoje, verídico e referente ao saudosíssimo Seu Luiz Tavares, boêmio de quatro costados de Natal de mil novecentos e antigamente, quero dedicar aos seus filhos, meus colegas de infância e vizinhos nos famosos Baldo e Santa Cruz da Bica, Amaro, Augusto, Arlindo (saudoso poeta vaqueiro), Álvaro; e às suas irmãs Ana Lígia e Ana Flávia (que saíram da vizinhança ainda novinhas); além de dona Áurea, a exemplo de seu marido Luiz Tavares, também de suadosíssima memória. Também quero dedicar ao "Jua", leitor dessa coluna, que mora na Cidade da Esperança, na Rua Encanto, nº 21, quase em frente a Agamenon (meu colega de birita de outrora...), cuja casa da mesma rua, é a de nº 24.
Pois bem! Pouquíssimas pessoas em Natal, dos cinquenta pra lá, não tiveram a felicidade de conhecer essa saudosa , irreverente, boêmia, querida e muitíssimo amada criatura, que era seu Luiz Tavares. Um "côipanzí do tamãe d'um aimazém", a voz grossa e de bem pra lá de cem decibéis, que dava o toque especial a todas as presepadas do qual era o galã principal ou ator coadjuvante. Em compensação, era uma verdadeira flor em delicadeza, zelo e paciência com todos aqueles que tivessem a felicidade de privar de sua amizade. E essa "arrumação" que conto hoje, bastante conhecida de todos os seus amigos, me foi contada pelo seu próprio filho Augusto, nos mínimos detalhes, há poucos dias, no Bar das Mangueiras, do nosso amigo Adriano e de dona Vera, sua esposa, numa mesa onde se encontravam, além de mim e dele, Augusto: Zé Augusto Othon, Sena Filho, Borba, Teixeira, Daniel Holanda, meu colega da Academia de Trovas Majó, Danilo Bessa, André, Djalma, Otacílio, e mais uma ruma de cabra ruim e que gosta de fuleragem, que não tô lembrado no momento. E Augusto me contou que, certa feita, seu Luiz Tavares foi a uma festa no interior da Bahia, nos arredores de Feira de Santana, onde ele comprava gado, e lá, num sítio, foi a um casamento.
Nos comes e bebes, nosso querido personagem "deitou e rolou" pra riba de uma galinha de cabidela com graxa e tudo, misturada com arroz de leite e farofa de bolão. Foi fundo literalmente... E o indivíduo tanto foi fundo, que não deu meia hora e sentiu a primeira pontada de uma bruta cólica intestinal... Daquela de dar suó frio... Dá prá tu, leitor?... Aguentou-se por ali, muito bem "enfatiotado no seu impecável terno de linho branco", inté quando deu.
Mas lá pras tantas, meu fíi, num teve foi jeito... Levantou-se de repente, arrastando intempestivamente o banco inteiriço e quem nele estava sentado, e saiu "cum toda mulexta duis cachorro", em desabalada carreira, em procura do banheiro no fundo do quintal. Não deu nem tempo de tirar o paletó...
Já "suando frio e munto", sentou-se no trono e foi aquele reconfortante alívio que o leitor bem sabe avaliar. O intestino tinha "trabaiado ligêro" e a galinha já tinha virado uma "espécie de papa cor da farda da puliça de antigamente"... Veio a tranquilidade seguida da calma, pelo terrível problema resolvido. Mas, como alegria de pobre dura pouco, de repente, surgiu outro problema ainda maior. E esse, de bem mais difícil resolução, pois não havia um só pedaço de papel no banheiro... Nem higiênico e nenhum outro tipo qualquer...
E Luiz Tavares ficou alí matutando sem saber o que fazer. De repente, algo lhe chamou a atenção. O banheiro era desses das telhas bem baixinhas, e ele, ao olhar pra cima, avistou uns pombos que estavam ali dormindo...
Não pensou duas vezes! Deu um "bote", pegou um dos pombos e limpou-se com o mesmo. Só que, quando soltou o pombo, o bichinho todo cagado, deu aquele característico tremelique, espanando as penas, balançando as asas e fazendo uma verdadeira "obra de arte" no impecável terno branco do nosso saudoso Luiz Tavares, que saiu da mesa limpo e com dor de barriga, e voltou sem dor, mas literalmente todo cagado!