domingo, 14 de março de 2010

Canção Brechteana

Eduardo Alexandre


Quando os versos se fizerem escassos,
Quando a voz se fizer omissa
Ou ébria,
Guia-me de novo ao caminho da arte.
Faça-me rever os mestres;
Ouvir as mais ternas canções;
Caminhar entre as criancinhas.

Quando não mais for de esperança o meu canto;
Quando não mais servir de alento o meu verso,
Ordena-me então que pare:
Reveja o quadro sócio-econômico da gente;
Reviva a sua cultura;
Analise a sua praxis política.

Quando não mais for necessária a canção;
Quando os tempos forem chegados;
Permita-me então que pare.
Descanse nos braços dos meus amores
E que mesmo para deleite
Continue, eu
A escrever meu canto !

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