Eduardo Alexandre
Anunciação, festa. Predestinação. Estrela-guia encravada forte, à sombra do marco de posse da terra Brasil, sonho da era esperada, sinal. Cidade que cresceu lenta, no tropicopontal atlântico, contemporâneo do primitivo chegar náutico e do cibernético/dígito/espacial tempo também de favelas e orelhões, antenas ao mundo, claro, universal: leste.
Primeiras luzes da Sulamérica. Conversa tradicional das personagens do Grande Ponto, becos da velha Ribeira, esquinas e cais; agitos do Baixo, palco oficial de chegada, início, confirmação: indicação de magos entre coqueiros. Micro-universo mágico, figura poética de vidas e almas: cidade bruxa – o ego não ousa desvendar os seus mistérios.
Filhos simples de cidade simples, cativa dos seus amores folclóricos e lúdicos, de fandangos e bumbas de etnia remota, múltipla. Sentinela atenta. Salto. Trampolim de vitórias no além mar. Pedra guardiã, fortaleza. Sangue cívico de várias jornadas. Luta.
Burgo de História e estórias, casos e causos, transmitidos pelos que fazem o seu cotidiano sério, boêmio e descompromissado, colorido pelo sol permanente: Nordeste. Nova Amsterdã imposta. Londres Nordestina na visão do poeta.
Galo madrugador, fé: Rosário de imagens e lendas do Rio Grande, o Potengi. Tapioca gostosa. Peixe frito no dendê.
Canto do Mangue, Ponta Negra, mercado da Redinha, veraneio com cachaça, tira-gosto com caju. Ginga. Cidade manhosa, erguida entre dunas, bela em arrecifes e explosões de ondas, é brisa afável, é verde nas praias e morros da mata Atlântica.
Habitat natural encantado da tribo dos índios comedores de camarão, os Potiguares. Papa-jerimum de verdade, cidade guardada pela natalidade/infância, formação e dengo de reis e duendes, cidade circo de palhaços-guerreiros, antevisores da nova aurora: facho, farol, alegria do parto.
Misto de encanto e descobertas. Martelo à luz da manhã. Magia. Cidade viva. Eterna na memória dos seus mortos. Cidade nua. Cidade crua. Cidade santa, segredo: Cidade Berço.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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